Sete integrantes de movimentos populares do campo e da cidade estão em greve de fome desde o dia 31 de julho, em Brasília. Os manifestantes denunciam a parcialidade no Supremo Tribunal Federal (STF) no julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e pedem para que a presidente da Corte, Cármen Lúcia, coloque em pauta a votação das Ações Declaratórias de Constitucionalidade (ADCs).
O instrumento jurídico pede que o STF reveja um posicionamento, adotado em 2016, que permitiu a prisão após condenação em segunda instância. A mudança de posicionamento implicaria na libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Para entender melhor sobre o assunto e avaliar os caminhos da greve de fome, o Brasil de Fato conversou com Gilmar Mauro, da coordenação nacional do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
Brasil de Fato: Qual é a relevância política dessa greve de fome?
Gilmar Mauro: A greve, somada ao conjunto de atividades desenvolvidas pelos movimentos populares em geral, como a Marcha Lula Livre, tem impactado positivamente e ajudando a politizar a população. Ela tem contribuído para que o povo brasileiro participe mais ativamente, não só na hora de votar, mas fundamentalmente para preparar as mudanças que se quer para o povo. Em muitos lugares deste país estão sendo realizadas vigílias e debates em apoio aos grevistas.
BF: Qual é a atual situação dos grevistas?
GM: Do ponto de vista físico há um acompanhamento médico muito grande e eles continuam muito firmes. O pedido de colocar em votação as ADCs ainda não foi atendido pela ministra Cármen Lúcia. No entanto, é uma batalha que o conjunto da sociedade brasileira está assumindo. Inclusive setores que não são de esquerda estão assumindo e responsabilizando o STF por não pautar o tema, apesar dos apelos de todo o Brasil, praticamente.
A repercussão da greve e os impactos dela já estão sendo sentidos em todo o Brasil. Portanto, ela já é vitoriosa. Sobre o momento de terminar ou não, é uma decisão que será tomada junto aos grevistas e ao movimento popular que os apoia. Eu diria sem medo de errar: se nós terminássemos essa greve amanhã, ela já seria vitoriosa.
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Edição: Katarine Flor