Diante da privação de alimentos, os sete militantes de movimentos populares que estão em greve de fome em Brasília (DF) há 25 dias têm uma rotina marcada por emoções intensas.
Para aliviar a tensão psicológica e tratar dores corporais provocadas pela debilidade física, eles têm contado diariamente com o auxílio de técnicas alternativas de cuidado com a saúde. Um trabalho feito por muitas mãos que se desdobram entre sessões de acupuntura, massagem, fitoterapia e reiki, técnica que transmite energias por meio da imposição das mãos.
O frei Wilson Zanatta, parceiro dos movimentos populares, é um dos voluntários que atuam nessa rede de apoio à saúde dos militantes. E a tarefa dele é uma das mais apreciadas pelos grevistas: alívio das dores e do cansaço por meio do uso de pomadas naturais, elixir de ervas e, em situações específicas, consumo de chás, em caso de queda brusca da glicemia.
Em entrevista ao Saúde Popular, Zanatta, que é um estudioso dos poderes curativos das plantas, destaca a importância da medicina natural para a purificação do corpo.
“O remédio químico nem sempre limpa o sangue, por isso que ele pode tirar a dor, pode dar a impressão de que se está bem, mas a pessoa não está curada. O remédio caseiro limpa o sangue e, uma vez que você tem sangue limpo, você tem saúde. A pessoa se cura de dentro pra fora”, explica.
Outra frente de atuação junto aos grevistas vem da reikiana e massoterapeuta Marline Dassoler Buzatto, que também é voluntária.
Acolhida
Ela explica que as sessões de massagem, por exemplo, são de grande relevância para ajudar no tratamento das dores que resultam da privação de comida e da perda de proteína corporal. E o valor do trabalho não se traduz apenas em benefícios para a saúde física.
“No momento em que você faz o toque, você acolhe. A massagem é uma acolhida. É uma forma de você dizer pra pessoa ‘você não está só. Está sendo cuidada e eu estou te cuidando com todo amor e carinho’”, afirma.
Já o reiki, segundo ela, é importante para os militantes porque ajuda no equilíbrio energético, melhorando as condições vitais.
Renovar energia
“Você restaura situações porque trabalha em todos os corpos da pessoa – físico, mental, espiritual e emocional – e vai liberando energias que estão estagnadas, vai transmutando energias negativas. Isso, consequentemente, vai aliviando o sofrimento”, explica.
Mais do que aprovado, o trabalho dos parceiros que ajudam no alívio das dores e das tensões é festejado pelos militantes. É o que destaca a grevista Zonália Ferreira, do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), que há bastante tempo já utilizava a medicina natural como via de tratamento da saúde.
“Todo dia eles ajudam a gente a se renovar. É uma energia tão gostosa que a gente sente. É uma coisa muito rica”, considera.
Os grevistas de fome iniciaram o protesto em 31 de julho e têm condições atuais de saúde marcadas por problemas como alterações de pressão, temperatura e considerável perda de peso.
Edição: Cecília Figueiredo