Após mais de dois anos do assassinato da militante indígena Berta Cáceres, nesta segunda-feira (17) tem início em Tegucigalpa, capital de Honduras, o julgamento de seus possíveis assassinos.
Berta Zúñiga, uma das filhas da líder hondurenha, declarou que espera que os executores do crime sejam condenados neste julgamento e que, a partir dele, sejam encontrados os mentores do assassinato de sua mãe. Até o momento, oito pessoas estão envolvidas no crime.
Entre os detidos encontram-se pistoleiros, militares e representantes da empresa Desarrollos Energéticos (DESA), responsável pelo projeto hidrelétrico Agua Zarca, ao qual a líder indígena sempre se opôs, organizando uma resistência ativa contra o empreendimento.
Os dois representantes da DESA que estão presos pelo assassinato de Berta Cáceres são Sergio Rodríguez, gerente de assuntos comunitários e ambientais da empresa no período que corresponde ao assassinato da ativista, e Douglas Bustillo, chefe de segurança da companhia entre 2013 e 2015.
Antes de ser assassinada, Berta Cáceres já havia denunciado as ameaças e intimidações por parte dos funcionários da DESA à justiça e a órgãos de segurança do país.
Em março de 2018, o presidente-executivo da DESA, Roberto Castillo, foi detido, acusado de ser o mentor do crime e enfrentará um julgamento à parte.
Apesar do início do julgamento, os familiares da militante apontam que há mais pessoas envolvidas no assassinato e que as autoridades não ampliam a investigação porque há o envolvimento de funcionários de alto escalão da empresa e do próprio governo de Honduras.
No mês passado, a família também denunciou que a investigação apresenta diversas irregularidades, pois o Ministério Público e o Estado de Honduras têm ocultado detalhes sobre a investigação, se negado a apresentar provas ou dar informações completas.
Na ocasião, Berta Zuñiga declarou que isso se deve à influência da empresa envolvida no crime no país e na região.
“A DESA pertence a uma das família mais influentes em Honduras e na América Central (...). O julgamento é emblemático porque, ainda que os verdadeiros mentores do crime não estejam sendo julgados, revelará que existiu uma atuação coordenada entre várias entidades”, afirmou.
Devido à denúncia de irregularidades na investigação do caso, o julgamento será acompanhado por uma comissão de especialistas em direitos humanos provenientes de oito países.
Berta Cáceres foi assassinada a tiros no dia 3 de março de 2016, em sua casa, na cidade de La Esperanza, no oeste do país.
Edição: teleSUR | Tradução: Luiza Mançano