Eles passam por capacitações e são responsáveis por todo o processo de manutenção e colheita dessa iguaria
Há três anos, centenas de jovens acampados e assentados da Reforma Agrária em Alagoas vivenciam uma nova experiência na organização dos seus coletivos e na geração de emprego e renda. Eles participam do Projeto Arajuba, uma parceria do MST, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra com o Centro de Capacitação Zumbi dos Palmares e com a Fundação Interamericana.
Os jovens apicultores da Reforma agrária participam de capacitações e do trabalho com as abelhas, baseados sempre na agroecologia. O Projeto Arajuba começou no Alto Sertão do estado e já atinge as regiões do Agreste e Zona da Mata, mobilizando centenas de jovens apicultores e apicultoras.
De acordo com Nilmara Fernandes, do Assentamento Maria Bonita, na cidade de Delmiro Gouveia, no Sertão de Alagoas, o projeto pretende, a partir do trabalho com a apicultura, gerar renda aos jovens e, assim, fazer com que eles permaneçam no campo.
“A gente já está com esse projeto há três anos e a nossa dinâmica já mudou muito. A gente vem conhecendo jovens, passando conhecimento de um para o outro quando temos os nossos encontros”, explicou a jovem que coordena o apiário em seu assentamento.
Os jovens que passaram por uma série de capacitações são responsáveis por todo o processo de manutenção e colheita do mel nos diversos apiários espalhados pelas áreas de Reforma Agrária do estado.
“Cada vez mais que a gente passa no dia-a-dia é um aprendizado melhor. É uma maravilha, a juventude está amando trabalhar com nosso projeto de apicultura e a gente tá cuidando o máximo possível das nossas abelhinhas, mesmo na seca que a gente tá, a gente não deixa de cuidar das abelhas."
Com todo o trabalho baseado nos princípios da agroecologia, os jovens apicultores desenvolvem uma diversidade de cuidados específicos para o cuidado dos apiários, em especial no que diz respeito ao convívio com o semiárido no Sertão Alagoano.
Aline Oliveira, uma das integrantes da equipe do projeto no Sertão, reforçou o desafio que é o trabalho com a apicultura no Alto Sertão e de como a agroecologia tem contribuído com o avanço dos apiários.
“O Projeto Arajuba vem com essa perspectiva de trabalhar com a agroecologia, estimulando nosso povo a preservar nossas áreas de reserva ambiental”, conta.
“O que a gente vem produzindo na consciência da agroecologia é no princípio de manter preservada a nossa Caatinga para que nossas abelhas possam coletar o maior número possível de néctar e pólen. Isso é uma perspectiva diferenciada, pois os nossos apicultores da Reforma Agrária entendem e compreendem que para a gente ter uma produção de mel diversificada, rica e de qualidade a gente precisa, acima de tudo, preservar a nossa Caatinga e manter as nossas nascentes para que a gente possa produzir o ano todo. Nesses três anos de Arajuba a gente aprendeu a conviver com o Semiárido.”
Para Aline o desafio da produção agroecológica é preciso ser encarado com formação e conscientização. “A gente já vê os resultados desse entendimento, acima de tudo político, que a agroecologia é o nosso caminho.”
Somente na 19ª Feira da Reforma Agrária, organizada pelo MST em Maceió, os jovens comercializaram cerca de 150 litros de mel que foi bastante procurado pelo público que visitou o evento ocorrido entre de 5 a 8 de setembro na capital alagoana. Além da barraca com o mel dos jovens apicultores, participaram da Feira do MST em Maceió, mais de 250 camponeses de todo o estado, comercializando cerca de 513 toneladas de alimentos saudáveis nos quatro dias de atividade.
Edição: Júlia Rhoden