Em audiência de conciliação no Tribunal Regional Federal da 3ª região, o Ministério da Educação se comprometeu repassar, em outubro, 200 mil reais para o Centro de Antropologia e Arqueologia Forense (CAAF).
O centro, ligado à Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), é responsável por identificar mais de mil ossadas encontradas em 1990, em uma vala clandestina no cemitério de Perus, na capital paulista. O cemitério foi usado durante a ditadura militar para enterrar os corpos de ativistas políticos mortos pelo regime e que hoje constam como desaparecidos políticos.
Em acordo firmado no final do ano passado, o CAAF deveria ter recebido R$ 600 mil para custear a identificação das ossadas. Os ministérios da Educação (MEC) e de Direitos Humanos, além da Unifesp, ficaram responsáveis pelos repasses. Até agora, apenas a Unifesp e a pasta de Direitos Humanos repassaram os recursos, no valor de R$ 200 mil cada.
Durante a audiência, a representante do MEC, Daniela Godoy, explicou que a liberação dos recursos dependia de autorização do Ministério do Planejamento e que isso deve ocorrer no mês que vem.
Segundo a professora Raiane Assumpção, pró-reitora de extensão e cultura da Unifesp, responsável pelo CAAF, é possível cumprir o prazo para identificação das ossadas, desde que os prazos para os repasses de recursos também sejam cumpridos.
Das 1.047 ossadas localizadas na vala, foram analisadas 100 amostras e identificado o corpo de um desaparecido político, Dimas Antônio Casemiro, dirigente do Movimento Revolucionário Tiradentes (MRT), morto em abril de 1971. Na ultima semana, foram enviadas outras 250 amostras para análise genética, a última etapa de um processo longo. De acordo com a professora, só seguem para análise as amostras que já apresentam características compatíveis.
Trinta e três famílias de desaparecidos políticos já tiveram amostras sanguíneas coletadas para comparação com os resultados da análise genética.
No próximo dia 1º de outubro está marcada uma nova reunião de conciliação. Dessa vez, com o governo de São Paulo que se comprometeu a indicar legistas do Instituto Médico Legal (IML) paulista que pudessem ajudar no trabalho de identificação, o que até agora não ocorreu.
Edição: Cecília Figueiredo