Contra o acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI) e as políticas de ajuste e exclusão do governo do presidente argentino, Mauricio Macri, centrais sindicais e organizações populares da Argentina promovem manifestações e uma greve de 36 horas, a partir desta segunda-feira (24). Esta é a quarta paralisação geral realizada durante a gestão de Macri.
As duas correntes da Central de Trabalhadores da Argentina (CTA e CTA-Autônoma), o sindicato de caminhoneiros e outros grêmios de trabalhadores participam da mobilização, iniciada ao meio-dia.
Desde às 9h, movimentos populares como Barrios de Pie, Confederação de Trabalhadores da Economia Popular (CTEP), Corrente Classista e Combativa (CCC) e Frente de Organizações em Luta (FOL), se concentraram próximos à Ponte Pueyrredón, que liga as cidades de Buenos Aires e Avellaneda, na Província de Buenos Aires.
Em marcha, os manifestantes se dirigem ao ato principal, que acontece na Praça de Maio, na capital argentina, às 17h, quando são esperadas pelo menos 30 mil pessoas.
Outras categorias definiram um calendário comum à greve de 36h das CTAs. Os trabalhadores do metrô iniciam a paralisação a partir das 20h desta segunda-feira. Já a mobilização dos professores é de 48h. Os sindicatos da Confederação Geral do Trabalho se somam integralmente à greve nesta terça-feira (25).
Segundo a jornalista e militante da Frente Popular Darío Santillán Carina López Monja, em entrevista ao Brasil de Fato, no segundo dia da greve a mobilização será mais intensa. Nesse dia, serão paralisados os serviços de transporte de ônibus, metrô e avião, entre outros, junto a bloqueios de ruas, para denunciar a política econômica do governo argentino.
"Estas duas jornadas de lutas querem dar uma mensagem clara ao governo nacional para fazê-lo entender que o povo da Argentina não irá suportar esse ajuste. Não vamos permitir que se entregue a soberania do povo aos Estados Unidos, onde as decisões serão tomadas a partir do Comando Sul e do Fundo Monetário Internacional", defendeu.
O pacto com o FMI, feito em junho, prevê um empréstimo de US$ 50 bilhões de dólares ao longo de três anos para o Estado argentino. Em troca, o governo Macri se comprometeu a cumprir algumas exigências do fundo, que levaram, por exemplo, a um corte de dez ministérios, entre eles o da Saúde, da Ciência e Tecnologia e do Trabalho.
Economia
Os ajustes econômicos de Macri e de seus ministros conseguiram reunir em uma só jornada de lutas todas as centrais sindicais, mais movimentos populares, que estão unidos contra o aumento do desemprego e da fome no país, como explica Pablo Micheli, secretário geral da CTA Autônoma.
“Esta crise é uma das piores do nosso país e o que se prioriza através do plano econômico de Macri é a especulação financeira sobre o produtivo. Isso gerou o crescimento do desemprego, aumentou brutalmente a terceirização, a precarização do trabalho e causou uma perda do poder aquisitivo”, disse.
O desemprego atinge cerca de 9,1% da população ativa, segundo o Instituto Nacional de Estatística e Censo da Argentina (Indec). A inflação no país deve fechar o ano na casa dos 30%, como anunciou o próprio presidente, enquanto a taxa de juros está na casa dos 60%, a mais alta do planeta.
A desvalorização do peso argentino frente ao dólar também levou a um aumento nos preços dos alimentos que, somado ao aumento das tarifas dos serviços públicos como luz, água e gás, vêm impactado o custo de vida da população.
Nestes dias em que ocorrem as mobilizações sindicais e populares, o presidente Macri se encontra em Nova York (EUA) negociando com o FMI o adiantamento de mais uma parcela do empréstimo.
"Enquanto isso, o presidente da Nação está em Nova York pedindo mais um empréstimo, o que é uma vergonha, porque sabemos que esse empréstimo vai cair sobre as costas dos trabalhadores, principalmente sobre os mais humildes. Assim que o confronto está colocado, e está claro que nós não podemos deixar de estar nas ruas. E no dia em que se vote o orçamento, seremos centenas de milhares nas ruas, para que não se aprove um orçamento que será um genocídio social", afirmou Esteban Castro, secretário geral da Confederação de Trabalhadores da Economia Popular (CTEP).
Edição: Pedro Ribeiro Nogueira