O candidato Fernando Haddad (PT) participou de uma coletiva de imprensa em São Paulo, nesta segunda-feira (25), e analisou a popularização dos movimentos contrários à candidatura de Jair Bolsonaro (PSL), que lidera as pesquisas de intenção de voto para presidente da República. O ex-ministro da Educação disse que o Brasil vive "uma ameaça de ditadura nas formas contemporâneas", mas interpreta que a elite econômica não tem consenso em torno do nome de Bolsonaro: "Haverá manifestações de todas as formas por aqueles comprometidos com a democracia. A classe dominante não tem uma unidade. Há muita gente envergonhada com o que está acontecendo".
A preocupação do candidato petista não é apenas com a disputa eleitoral, mas com o respeito ao resultado das urnas. Como exemplo de comportamento anti-democrático, Haddad lembrou a reação dos opositores de Dilma Rousseff (PT) após a reeleição. “Nós inauguramos, em 2014, a eleição em três turnos. Não é mais óbvio que quem ganha leva. O STF [Supremo Tribunal Federal] tem se pronunciado confirmando isso, e o Ministro da Defesa também teve que passar o recado dizendo que há uma institucionalidade”.
Legado em jogo
Uma encruzilhada histórica. É assim que Haddad enxerga as eleições de outubro. De um lado, ele identifica a necessidade de se preservar o legado dos governos PT, especialmente dos dois mandatos de Luiz Inácio Lula de Silva (PT). Do outro, estão forças conservadoras dispostas a aproveitar a crise econômica para comprometer políticas sociais.
"Porque eu defendi até os 45 do segundo tempo a candidatura de Lula? Porque tem um simbolismo muito grande", explica. "Estamos falando de CLT, do SUS [Sistema Único de Saúde], de universidade pública, gratuita, laica, da afirmação do negro e das mulheres, coisa que é fruto de muita luta. Talvez essa crise seja necessária para a gente entender o que tínhamos no governo Lula, o que perdemos, e o que poderemos ter de novo", completa.
Para recolocar o Brasil na rota das conquistas de direitos e do aprofundamento da democracia, o candidato espera contar não apenas com os apoiadores do PT. "Existe uma parte da sociedade que não está conosco, mas que está disposta a discutir os rumos do país em 2019", argumentou, ao elogiar as mobilizações dentro e fora do país para denunciar o autoritarismo de Jair Bolsonaro.
Protestos convocados por mulheres, que tiveram a adesão de setores diversos, vão tomar as ruas do país no próximo sábado (29). Em São Paulo, o ato acontece a partir das 15 horas, no Largo da Batata, em Pinheiros.
Edição: Daniel Giovanaz