Aline Piva, socióloga e correspondente do canal de notícias "Nocaute" em Caracas, responde a questão
Desde que foi reeleito presidente da Venezuela, Nicolás Maduro adotou novas estratégias econômicas para tentar conter a inflação. Entre as medidas estão a introdução de uma nova moeda e o aumento do salário mínimo. Isabela Rovaroto, estudante de 21 anos quer saber mais sobre estas mudanças:
"Olá, meu nome é Isabela Rovaroto, tenho 21 anos e sou estudante. Gostaria de saber um pouco mais sobre as novas políticas econômicas do governo Maduro."
Aline Piva, socióloga e correspondente do canal de notícias "Nocaute" em Caracas, responde a questão:
"Oi Isabela, muito obrigada pela pergunta, meu nome é Aline Piva, eu sou socióloga e correspondente do 'Nocaute' aqui em Caracas. Esse novo programa econômico do Maduro, ele é bastante complexo e formado por diversos eixos, que vão desde medidas que têm um impacto mais imediato, como por exemplo, o corte de cinco zeros na moeda, em uma medida para conter um processo inflacionário, como medidas que são mais de longo prazo, como por exemplo, o aprofundamento dos sistemas comunais da produção de alimentos aqui na Venezuela, para superar a dependência histórica que o país tem de importações, tudo isso visando conter os efeitos das sanções econômicas que tem afetado bastante o dia a dia aqui no país, essas sanções que estão sendo impostas, não só pelos Estados Unidos, mas também pela Europa e por alguns países aqui da América Latina. O primeiro feito imediato dessas medidas está sendo uma volta à normalidade, a sensação de normalidade, de você poder ir, por exemplo, em um caixa eletrônico sacar dinheiro, volta a ter esse tipos de coisas, de interações diárias aqui na Venezuela e devolve a esperança para o povo. Mas uma parte mais importante de tudo, e que tem sido pouco falada, é que a gente está falando de um plano econômico que busca recuperar o país, um país que estava em um processo bastante complicado de crise econômica induzida sem dependência externa, em um confronto, em um desafio, melhor dizendo, aberto aos clássicos do FMI (Fundo Monetário Internacional), como a gente está vendo agora na Argentina, que o que propõe é o alto endividamento externo do país e dependência aos foros, esses foros que dizem ser multilaterais, mas que na verdade acabam reforçando o sistema. A resposta, obviamente, está sendo o que a gente já esperava tanto dos organismos internacionais, que aumentam a retórica, como o dos Estados Unidos que ameaçam os processos e também das elites internas, mas eu digo que há muita esperança e que há um potencial imenso e bastante revolucionário com essas novas medidas. Obrigada Isabela pela pergunta, e espero ter ajudado."
Edição: Camila Salmazio