Centenas de mulheres se reuniram na Praça da República, no centro de São Paulo, na tarde desta terça-feira (25), em um ato em apoio ao projeto de governo do candidato à presidência do Partido dos Trabalhadores (PT), Fernando Haddad, e de sua vice, Manuela D'Ávila (PCdoB). Chamada de "Primavera das Mulheres - Sou mulher, voto 13", a manifestação aconteceu em diferentes cidades brasileiras ao longo da última semana.
Durante o ato, foi lançado o "Manifesto Primavera das Mulheres", um documento assinado por movimentos populares e sindicais como a Central Única dos Trabalhadores (CUT), a Marcha Mundial das Mulheres (MMM), a União da Juventude Socialista (UJS), o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST) e o Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB). Segundo Anne Karolyne, Secretária Nacional de Mulheres do PT, o objetivo do manifesto é reiterar o compromisso da chapa com a luta feminista.
0:14 "Temos uma posição muito clara sobre qual projeto queremos que governe nosso país daqui para frente. Sabemos que nossos governos fizeram muito em políticas públicas e queremos a retomada e o avanço disso. 1:11 O manifesto das mulheres foi lançado porque o sentimento vai muito além da retomada das políticas públicas, queremos um compromisso contra o machismo, anti-racista, contra LGBTfobia" afirmou.
O documento pede a volta e um novo fôlego para políticas públicas e medidas que foram instituídas durante os governos do PT, como o programa Bolsa Família e a Secretaria Nacional de Políticas para Mulheres, além de pedir o fortalecimento de leis como a PEC das Domésticas e a Lei Maria da Penha. Na opinião de Karolyne, a "Primavera das Mulheres" surge em paralelo à mobilização #Elenão, palavra de ordem contra o candidato Jair Bolsonaro (PSL) que tomou as redes sociais nas últimas semanas. Em pesquisa lançada ontem (24) pelo Ibope, Haddad alcançou 22% de intenções de voto, enquanto Bolsonaro permaneceu em 28%.
3:20. "Esse compromisso para nós tem um simbolismo grande e dialoga com a mobilização do #Elenão. 3:29 Quando escrevemos esse manifesto é na propositiva, [dizendo] que Haddad sim pode governar com as mulheres. Estamos vivendo um momento fascista em que querem tirar de nós nossa decisão, então apresentamos uma contrapartida", disse.
Polarização
De acordo com Sônia Coelho, integrante da Marcha Mundial das Mulheres (MMM), o movimento decidiu apoiar a candidatura da chapa do PT diante da grande polarização política e do acirramento do fascismo no país.
11:32 "Nós da MMM nos somamos nesta campanha hoje, porque acreditamos que é a única candidatura que se coloca, neste momento, como capaz de derrotar esse projeto colocado pela ultradireita no Brasil. Toda a esquerda deve ter unidade para compreender esse momento extremamente perigoso que vivemos no país. 2:31 Mas apenas eleger Haddad não é o suficiente: temos que produzir e potencializar um processo maior nesse país por democracia e por um outro projeto que tenha no centro a igualdade", afirmou.
Além de integrantes de movimentos populares, sindicais e estudantis, somaram-se ao ato diversas militantes autônomas. É o caso da jovem Ana Paula Tavares, militante por moradia na Favela da Capadócia, na zona norte de São Paulo.
0:10 "Estou aqui para lutar por todos nós que somos da periferia e precisamos de mais saúde, mais escolas. 0:35 As mulheres têm que somar por nós, todas juntas. 0:55 Lá onde moramos a maioria que está na frente dos movimentos são as mulheres, mais do que muitos homens. 1:08 Estamos lutando para colocar o Bolsonaro para fora, não queremos ele", disse.
Já a oficial de justiça Simone Oliveira, que compareceu ao ato com uma colega de trabalho, reitera a importância da mobilização das mulheres para além o período eleitoral.
0:45 "Não podemos deixar esse movimento ser tomado pela direita, como outros movimentos foram apropriados. É importante a mobilização contra Bolsonaro, e já vem de um período em que crescem os movimentos fascistas, mas não pode ser uma luta só agora do período eleitoral. Acho que a candidatura de Haddad é um contraponto a isso, e a movimentação não pode terminar, com ele ganhando ou não, teremos um período muito difícil de ataque aos direitos sociais e das minorias e temos que ficar alertas e continuar mobilizados para resistir a esses ataques", alertou.
A manifestação contou com a presença de candidatas e candidatos do PT para o legislativo, de Manuela D'Ávila, de Fernando Haddad e de sua esposa, Ana Estela Haddad. Em seu discurso, Manuela destacou que as chapas do PT e PCdoB não representam a Primavera das Mulheres apenas por conterem candidatas mulheres, mas pelo projeto defendido em seus planos de governo.
"Temos um projeto que quer garantir igualdade para todas as mulheres. Somos mais da metade desse país, não existe projeto de desenvolvimento sem que sejamos parte dele, sem a valorização do nosso trabalho, a igualdade da remuneração, o fim da PEC do Teto dos Gastos [Emenda Constitucional 95]. Na creche, na escola, ou no posto de saúde, são as mulheres desse país que respondem às ausências do Estado. Temos uma história de luta pela liberdade, da chave da casa na mão da mulher, do Bolsa Família na mão da mulher, da Secretaria de Políticas para Mulheres, uma democracia de todas as brasileiras e brasileiros", defendeu.
Já o candidato Fernando Haddad reiterou o comprometimento da chapa com as demandas trazidas pela manifestação.
"Lutamos pela retomada de uma agenda que vinha vindo muito bem, embora tardia, porque as tarefas deveriam ter sido cumpridas há décadas. Mas ainda temos uma longa jornada pela frente. Temos a oportunidade de retomar com mais força ainda esse projeto. Se eu já estava com vontade de promover políticas para as mulheres há uma semana, hoje essa vontade está multiplicada por mil. Se essa geração de mulheres for mais respeitada, a próxima geração vai ser muito melhor do que essa. E assim que constrói uma sociedade digna e fraterna", concluiu.
O ato encerou-se por volta das 20h, em frente ao Teatro Municipal, no centro de São Paulo.
Edição: Pedro Ribeiro Nogueira