A campanha internacional das mulheres contra Jair Bolsonaro vai além dos protestos marcados para o próximo sábado, dia 29, em dezenas de cidades da Europa, Oceania e em toda América. A mobilização atua também fomentando debates sobre a situação política no Brasil e o avanço do fascismo, representado na figura do candidato do Partido Social Liberal (PSL).
Em Lyon, na França, a estudante brasileira Carolina Nascimento é uma da articuladoras da campanha francesa contra o candidato do PSL.
"Fui a um seminário organizado por uma associação de leitores e amigos do Le Monde Diplomatique sobre a democracia no Brasil. Fui lá divulgar o ato. No sábado, estive por uma hora falando em um rádio explicando o movimento, quem é o Bolsonaro e convidando para a manifestação", disse.
Na França, a imprensa produz conteúdo sobre a campanha eleitoral no Brasil, porém, sem muito aprofundamento sobre as questões em disputa. E isso gera muitas dúvidas na população. "Todo francês, assim que eu falo que sou brasileira, me pergunta como é que o Bolsonaro está ganhando? Eles falam do louco, que tem um louco no Brasil que pode ser presidente. Eles não entendem e querem saber o porquê", disse a estudante.
Rádio aberta
Na Argentina, em Buenos Aires, capital federal do país, o coletivo Passarinho, formado por brasileiros e brasileiras migrantes, vai instalar um sistema de som na praça do Obelisco durante o ato em repúdio a Jair Bolsonaro, no sábado, para ampliar o debate sobre as eleições no Brasil. Quem explica é a estudante Monique Alves.
A ideia é que tenha uma rádio aberta para mulheres perguntarem e debaterem a posição delas como eleitoras. Para conversarem sobre eleições, sobre conjuntura política no Brasil. E para falar dessa figura monstruosa do Bolsonaro", contou a militante do coletivo Passarinho.
O grupo também está em contato com a imprensa argentina, em busca de melhor explicar a conjuntura brasileira.
"Tem muita rádio, muitos meios de comunicação entrando em contato para saber quem é o Jair Bolsonaro. Na televisão aqui da Argentina, eles passam levemente sobre a figura dele, mas nada muito profundo, não mostram vídeo, não mostram nada. Não mostram as frases famosas dele discriminando mulheres, comunidade LGBT e afrodescendentes. A gente está dando entrevista para rádio desde a semana passada convocando para este ato", disse Monique.
O Coletivo Passarinho foi fundado em 2016 com o objetivo de denunciar o golpe contra a democracia brasileira, que tirou a presidenta Dilma Rousseff do poder.
O ato na capital argentina vai começar às 11 horas da manhã e tem previsão de terminar às 14 horas da tarde. O protesto conta com o apoio de muitos grupos feministas locais. Entre os grupos que estão apoiando a luta brasileira contra o fascismo estão: o coletivo de mulheres afro argentinas, o coletivo da campanha Ni Una Menos e as manifestantes da onda verde pela legalização do aborto.
Edição: Pedro Ribeiro Nogueira