O candidato do PT a presidente, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (8), em entrevista ao Jornal Nacional, da TV Globo, que o centro de seu plano de governo é a geração de empregos e a valorização da educação, sintetizando suas propostas em "uma carteira assinada em uma mão e um livro na outra".
“É uma grande satisfação estar no segundo turno. É uma situação em que poderemos confrontar dois projetos. Ficará mais claro. Nós estamos do lado de um projeto de social-democracia e do Estado de bem-estar social. Um projeto que pretende gerar empregos e oportunidades educacionais”, afirmou.
Jair Bolsonaro (PSL), que concorre com Haddad pela Presidência da República, também foi entrevistado pelos apresentadores William Bonner e Renata Vasconcellos ao vivo. Além de suas propostas, ambos os candidatos foram questionados sobre o compromisso de suas candidaturas com a manutenção da Constituição de 1988.
Haddad foi perguntado sobre a proposta de seu programa de governo de convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte para fazer reformas na Carta Magna, enquanto Bolsonaro teve de explicar manifestações de seu candidato a vice, Hamilton Mourão (PRTB), que defende que "um grupo de notáveis" indicados por um hipotético governo Bolsonaro reescreva a Constituição.
“Nós revimos nosso posicionamento. Vamos fazer as reformas devidas por emendas constitucionais. A primeira delas é a tributária. No Brasil, quem paga mais é o pobre. Essa reforma será feita por emenda. A segunda reforma importante é a bancária, não é possível conviver com a concentração com taxas de juros nesses patamares”, apontou o petista.
As reformas, que incluiriam ainda uma terceira focada na revogação da Emenda do Teto de Gastos, teriam como objetivo primeiro garantir a ampliação da renda dos pobres, garantindo isenção de Imposto de Renda para quem ganha até cinco salários mínimos e criando tributos sobre a propriedade e os lucros e dividendos. De outro lado, as modificações no setor bancários visariam garantir crédito para o pequeno e médio empresário. Ambas medidas garantiriam a reativação da economia brasileira.
Já o presidenciável de extrema-direita desautorizou seu candidato a vice, e minimizou suas manifestações antidemocráticas. “Ele é general e eu sou capitão, mas eu sou presidente. Desta vez vou desautorizá-lo. Não entendi direito o que ele quis dizer naquele momento. Seremos escravos da nossa Constituição. Falta tato e vivência política para ele”, justificou.
Bolsonaro utilizou o tempo para reafirmar propostas pontuais de diversas áreas que apresentou ao longo de sua campanha, como a redução da maioridade penal, a redução de ministérios para apenas 15 pastas, e a privatização de empresas públicas --o militar da reserva afirmou que pretende, apenas no primeiro ano, vender 100 empresas que hoje pertencem ao povo brasileiro.
Ele aproveitou ainda para acenar a grupos onde sua campanha encontra resistência, com saudações dirigidas às mulheres --a quem prometeu segurança a seus filhos quando forem "a eventos sociais" a noite-- e ao Nordeste. “Apesar de ter perdido lá, foi o melhor desempenho de alguém que faz oposição ao PT na região”, ressaltou.
Além de seu candidato a vice, o candidato do PSL desautorizou também falas de seu assessor econômico, Paulo Guedes, a quem já prometeu o Ministério da Fazenda. Bolsonaro afirmou ser contra a retomada da CPMF e a alíquota única para Imposto de Renda – que faz pobres pagaram mais e ricos menos. As duas propostas foram defendidas pelo economista de sua campanha em eventos públicos.
Edição: Diego Sartorato