Eleições 2018

CNBB recebe Haddad e se posiciona em defesa da democracia

Candidato do PT solicitou apoio da comunidade católica para combater a onda de fake news durante segundo turno

Brasil de Fato | Brasília (DF) |

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Ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT) disputa o segundo turno das eleições presidenciais com Jair Bolsonaro (PSL)
Ex-prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT) disputa o segundo turno das eleições presidenciais com Jair Bolsonaro (PSL) - Divulgação/ Campanha PT

Em reunião realizada na manhã desta quinta-feira (11) com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Brasília (DF), o candidato à Presidência da República Fernando Haddad (PT) se comprometeu a cumprir pontos considerados centrais para a comunidade católica nas eleições 2018, em caso de vitória da chapa PT/PCdoB no segundo turno.

Haddad encontrou-se com o secretário-geral da entidade, dom Leonardo Steiner, que pediu compromisso com cinco pautas específicas.

A primeira delas diz respeito à atuação do Estado para combater a cultura da violência no país; a segunda é o fortalecimento das instituições democráticas; em seguida, vem o fortalecimento dos órgãos de combate à corrupção, como Polícia Federal, Ministério Público e Poder Judiciário, para que continuem recebendo apoio do Executivo, mantenham a autonomia e a independência e ajudem a preservar a democracia no país.

O quarto ponto ressaltado pela CNBB trata do compromisso com o meio ambiente, com base no combate à devastação ambiental, na preservação dos recursos naturais e no controle das emissões de carbono. O último diz respeito ao compromisso com a preservação da vida, considerada o maior de todos os princípios cristãos.

Dom Leonardo Steiner não falou à imprensa após a reunião, mas Haddad informou que não há, para os católicos, uma hierarquia entre os cinco pontos, que seriam considerados igualmente relevantes.

“Nosso programa de governo prevê ações alinhadas com esses princípios e nós, recebendo novos subsídios e sugestões, vamos aprimorá-lo, no que for possível, nessa mesma linha. Porque os princípios estão todos de acordo com o que imaginamos ser uma sociedade civilizada, da paz e dos direitos”, afirmou.

A CNBB já havia se manifestado em relação às eleições, na última segunda (8), quando, em entrevista ao portal UOL, Steiner pediu que os eleitores católicos observem os candidatos que contribuem para a democracia.

Na ocasião, o religioso disse que os padres não devem defender um candidato específico, mas defendem a importância da preservação do sistema democrático.  

Outro tema que tem preocupado a igreja são as medidas de austeridade, como o Teto de Gastos e a reforma trabalhista, ambas iniciativas de Michel Temer (MDB). Segundo Haddad, esses pontos também foram abordados pela CNBB durante a reunião e o candidato se comprometeu a revogar tais medidas, caso seja eleito.

Fake news & Bolsonaro

O candidato do PT também informou que pediu ao secretário-geral da CNBB que fizesse um alerta ao público sobre a necessidade de um cuidado maior com informações que circulam na internet: “Não é pra inibir o fluxo de informações, mas pra checar antes se aquilo é verdade ou não. Se for, as pessoas têm que saber, mas, se não for, elas têm que ter o compromisso de barrar a propagação da mentira”.

A afirmação é uma referência à onda de fake news que tem se alastrado pelo país, especialmente via grupos de WhatsApp. A chapa do petista tem sido alvo de diferentes conteúdos falsos na internet.

Na última segunda (8), por exemplo, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), determinou a retirada imediata de 33 links do Facebook que criticavam a chapa PT/PCdoB com base em informações falsas. Os posts tiveram amplo alcance, com mais de 146 mil compartilhamentos e cerca de 5,1 milhões de visualizações.

“Nós temos que ganhar a eleição por meio do  melhor projeto, do melhor argumento, de como tirar o país da crise, e não atacando a honra das pessoas com informações falsas. Usar a mentira pra ganhar voto não me parece recomendável no Estado democrático de direito”, afirmou Haddad.  

O petista também comentou a recente ideia apresentada por Jair Bolsonaro (PSL) de implantação de um 13º para o Bolsa Família.

A proposta foi interpretada como um aceno aos eleitores do Nordeste, onde 29,3% dos domicílios recebe o benefício, segundo dados do IBGE de 2017. A região é também a única onde Bolsonaro perdeu para o petista em número de votos no primeiro turno em todos os estados.

Haddad lembrou a atuação do candidato de extrema direita na Câmara dos Deputados, onde ele tem mandato há 28 anos, e destacou que, em 2015, Bolsonaro votou contra o projeto que criou a Lei Brasileira de Inclusão (LBI), formulada com o objetivo de proteger pessoas com deficiência.

O petista também lembrou o apoio do líder do PSL a medidas como a reforma trabalhista e o Teto de Gastos.

“Só vota contra o trabalhador e agora quer dar um cavalo de pau e dizer que defende os pobres?”, questionou o ex-prefeito.

Datafolha

Na ocasião da coletiva concedida à imprensa em Brasília, Fernando Haddad também comentou a pesquisa Datafolha divulgada nessa quarta-feira (10). De acordo com o levantamento, o petista teria atualmente 42% dos votos válidos, enquanto Jair Bolsonaro (PSL) estaria com 58%.

Haddad agradeceu o apoio que teve do eleitorado no primeiro turno e disse que se sente confiante em relação à segunda fase da disputa.

“Eu sou candidato há trinta dias, saí de 4% das intenções de voto e estou com 42% e nem começou o segundo turno, que começa agora sexta-feira, Por isso, me sinto estimulado”, disse.

Por fim, o candidato informou que a chapa PT/PCdoB trabalha atualmente na formulação da estratégia de campanha a ser adotada durante o segundo turno. Segundo normas definidas pelo TSE, os programas e rádio e TV recomeçam nesta sexta (12) e seguem até o dia 26 de outubro, antevéspera da votação.  

CNBB

Em nota divulgada nesta tarde à imprensa, dom Leonardo Steiner ressaltou que Haddad não foi à sede da CNBB para pedir apoio e esclareceu que a entidade não tem partido nem candidato.

“A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) é uma instituição aberta ao diálogo com pessoas e grupos da sociedade brasileira. É comum, em período eleitoral, que candidatos de diversos partidos e grupos políticos solicitem agenda e sejam recebidos. O candidato expôs suas propostas de governo e sua preocupação com o Brasil. Da minha parte, abordei com o candidato assuntos que preocupam os bispos do Brasil”, disse o religioso.

 

Edição: Daniel Giovanaz