O julgamento de oito envolvidos no assassinato da ambientalista hondurenha Berta Cáceres foi suspenso na última segunda-feira (15) por uma decisão da justiça após uma ação da família e da defesa da militante. Cáceres foi assassinada a tiros no dia 3 de março de 2016, em sua casa, na cidade de La Esperanza, no oeste de Honduras.
Segundo meios locais, os familiares de Berta solicitaram a suspensão do início do julgamento ao apresentar um pedido de afastamento de três magistradas responsáveis pelo caso.
A acusação teme que as juízas protejam os empresários, sócios e executivos de empresa DESA, responsável pelo projeto hidrelétrico Agua Zarca, contra o qual a líder indígena sempre se opôs. Dois representantes da DESA estão presos pelo assassinato de Berta Cáceres, Sergio Rodríguez, gerente de assuntos comunitários e ambientais da empresa no período que corresponde ao assassinato da ativista, e Douglas Bustillo, chefe de segurança da companhia entre 2013 e 2015.
Antes de ser assassinada, Berta Cáceres já havia denunciado as ameaças e intimidações por parte dos funcionários da DESA à justiça e aos órgãos de segurança do país.
Os familiares de Berta apresentaram um recurso de apelação e o tribunal afirmou que não tinha jurisdição no caso por existir uma outra apelação, de setembro. No dia 18 de setembro, o início do julgamento foi suspenso pela primeira vez, quando a família da ativista apresentou uma apelação contra as juízas responsáveis pelo caso, por terem rejeitado uma petição para que a Procuradoria-Geral do país apresentasse todas as provas obtidas contra os imputados.
Em uma entrevista com a Rádio Sur, uma das integrantes do COPINH [Conselho Cívico de Organizações Populares e Indígenas de Honduras], Liliam López, comentou a situação do julgamento de Berta Cáceres, e afirmou que uma das exigências da defesa é que o julgamento aconteça somente quando a justiça tenha as informações exigidas há dois anos e que a organização social seja incluída como vítima, porque a líder era a coordenadora-geral e continua sendo simbolicamente.
“Existe uma abordagem que pretende manter em liberdade aqueles que planejaram o assassinato de Berta”, afirmou.
Edição: teleSUR | Versão em português: Luiza Mançano