O candidato à Presidência da República Fernando Haddad (PT) pediu reação rápida das instituições por “atos intimidatórios” promovidos pela campanha de Jair Bolsonaro (PSL) contra a oposição e jornalistas.
A declaração foi feita nesta segunda-feira (22) em São Paulo (SP), durante agenda do presidenciável com catadores de material reciclável na Cooperativa Coopamare.
Um dia antes, seu oponente no segundo turno prometeu uma "faxina" e que "marginais vermelhos serão banidos da nossa pátria", se eleito. A fala de Bolsonaro foi transmitida por vídeo em um ato na avenida Paulista, no domingo (21).
"Ele está dizendo que se ganhar as eleições não haverá espaço para a oposição no Brasil. Ou a gente acorda para esse problema essa semana e coloca de lado essa tradição autoritária, ou vamos correr riscos, inclusive físicos — se a gente não alertar o País que a oposição, jornalistas, juízes e ministros estão sendo ameaçados antes mesmo do pleito terminar”, afirmou o petista.
"Morosidade"
Haddad criticou a demora do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) no julgamento das ações impetradas contra Bolsonaro, por recebimento de caixa 2 e por prática de calúnia e difamação. A campanha do candidato de extrema direita foi acusada de receber R$ 12 milhões de empresas para financiar a disseminação de notícias falsas contra o PT nas redes sociais.
A repórter da Folha de S. Paulo que denunciou a prática de corrupção da campanha do PSL, a jornalista Patrícia Campos Mello, recebeu ameaças na internet.
O petista criticou o posicionamento da ministra Rosa Weber, presidenta da Corte Eleitoral, em entrevista coletiva no domingo (21). Weber afirmou que o TSE ainda não descobriu "o milagre" para combater as fake news. Haddad pediu um mandado de busca e apreensão contra as empresas envolvidas no escândalo.
"O WhatsApp está ajudando mais do que a Justiça banindo as 100 mil contas robôs. Ela talvez não tenha compreensão do que é a tecnologia, o STF é analógico demais", afirmou Haddad.
O presidenciável disse não compreender a espera do tribunal.
"Se todo mundo sabe que teve fraude no primeiro turno, com dinheiro sujo de caixa 2 para bombardear as redes sociais com mensagens falsas, por que está se esperando?", questionou o petista. "Quando o nazismo, fascismo e salazarismo ameaçaram e a Europa acordou, foi tarde demais”, comparou o ex-ministro da Educação.
Haddad contestou ainda a autoridade do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Sergio Etchegoyen, no processo eleitoral. “As instituições estão se sentindo ameaçadas, inclusive pela linha dura de parte das Forças Armadas. O que o Etchegoyen [general da reserva] tinha que estar dando entrevista do lado da Rosa Weber? Qual autoridade que ele tem no TSE?".
O candidato do PT também repercutiu as declarações do deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidenciável do PSL, de que para fechar o STF seria necessário apenas “um soldado e um cabo”. Haddad antecipou que estão sendo estudadas “ações cabíveis”.
Fake news
Haddad aproveitou a ocasião para denunciar o furto de uma bíblia, na mesma ocasião que o aparelho celular de um dos assessores do Instituto Lula. O petista não descartou a possibilidade de infiltrados nas atividades públicas de sua campanha.
O vídeo de acusação contra Haddad foi feito pelo deputado estadual eleito André Fernandes (PSL-CE), do mesmo partido do Bolsonaro. "Está viralizando esse vídeo. Essa turma é de milicianos. Esse pessoal é muito perigoso. São milicianos tentando tomar o poder pela força. Estão intimidando as pessoas e intimidando as instituições. As instituições têm que reagir", defende.
Propostas
Em relação à política de gestão de resíduos sólidos, o petista prometeu expandir a experiência de centrais mecanizadas de reciclagem, como foi feito durante sua administração na Prefeitura de São Paulo. Ele se posicionou contra a incineração de resíduos sólidos e se comprometeu a ampliar o apoio financeiro às cooperativas de catadores.
Edição: Cecília Figueiredo