Santa Catarina foi o estado brasileiro onde o candidato da extrema direita Jair Bolsonaro (PSL) obteve maior vantagem no primeiro turno. Dos cinco milhões de eleitores, 65,82% apoiaram o capitão reformado e 15,13% votaram em Fernando Haddad (PT). No entanto, a última pesquisa do Ibope, divulgada na sexta-feira (26), mostrou queda nas intenções de voto para o candidato do PSL e aumento do candidato Fernando Haddad.
Segundo o levantamento, Bolsonaro aparece com 61% das intenções de voto, enquanto na semana anterior tinha 66%. Em franco crescimento, o ex-ministro da Educação chegou a 27% da preferência dos eleitores -- quatro pontos percentuais a mais que na pesquisa anterior, divulgada em 19 de outubro. Brancos e nulos somam 8% e 3% dos catarinenses não sabem ou preferem não opinar.
O Brasil de Fato esteve em Florianópolis, capital do estado, para acompanhar as eleições na manhã deste domingo (28). No Instituto Estadual de Educação, onde 5.380 catarinenses votam, a maior parte optou por não utilizar elementos que declarassem apoio a candidatos. Alguns eleitores foram com camisetas em apoio a Bolsonaro, enquanto outros utilizaram adesivos com menções a Haddad. Houve também quem optou por ir ao local de votação segurando um livro, uma manifestação discreta em apoio ao professor petista que defende “menos armas e mais livros”.
Vanda Pinedo, do Movimento Negro Unificado (MNU), votou no local e repudiou a violência dos discursos de Jair Bolsonaro. “Votei no Haddad, porque quero um país onde a democracia esteja presente, não quero a ditadura. Esse país já viveu a ditadura, já viveu a escravidão. E nós, principalmente, o povo negro, das comunidades tradicionais, não podemos apostar numa candidatura que chama para o ódio e para o armamento”, disse, esperançosa com o resultado das últimas pesquisas de intenção de voto.
A aposentada Maria Helena Moreira também esteve no centro de Florianópolis para votar e optou por anular o voto, porque os candidatos não a convenceram. Ela disse que o partido de Haddad “deixou a desejar”, mas criticou a recusa do candidato da extrema direita em participar de debates, e também não se sente representada pelo discurso de apologia à violência. “Em entrevistas que vi, o Bolsonaro falou que iria armar a população e matar bandidos. Eu não gostei, porque tenho filhos e netos e o que vai acontecer vai ser chacina. Por isso não votaria nele nunca”, afirmou.
Candidato ao governo do PSL também não participou de debate
Além de presidente, os catarinenses votam neste domingo para governador. A disputa é entre dois candidatos conservadores: Gelson Merísio (PSD) e Comandante Moisés (PSL). A exemplo de Bolsonaro, o candidato do PSL em Santa Catarina não participou do debate televisivo do segundo turno, alegando recomendação médica. Segundo o atestado, Moisés foi diagnosticado com infecção aguda das vias aéreas superiores.
A NSC TV, afiliada a Globo, optou por entrevistar Merísio na noite da última quinta-feira (25), data marcada para o debate. Nacionalmente, a emissora decidiu não entrevistar o candidato Fernando Haddad -- que se dispôs a debater mesmo na ausência do adversário Jair Bolsonaro.
Velho conhecido na política do estado, Gelson Merísio também declarou apoio a Bolsonaro e recebeu 31,12% dos votos do primeiro turno. Já o Comandante Moisés teve 29,72% dos votos e foi um elemento surpresa, porque aparecia apenas em quarto lugar (12%) nas pesquisas e era um nome pouco conhecido da população.
O candidato a governador pelo PSL aparece como favorito na última pesquisa Ibope, com 59% dos votos válidos. Preocupada com a ascensão de Haddad nas pesquisas para presidente, a dona de casa Edalídia Machado disse que não conhecia o candidato do PSL antes do primeiro turno, mas votou nele por ser do partido de Bolsonaro.
Com pouco tempo de televisão, Moisés, assim como Bolsonaro, apostou na campanha pela internet. Ele atuou por mais de 30 anos no Corpo de Bombeiros e está na reserva desde 2016. Em seus discursos, prometeu combater a violência com aumento da repressão policial.
Edição: Daniel Giovanaz