A Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU) aprovou nesta quinta-feira (1) uma resolução que pede o fim do bloqueio econômico dos Estados Unidos contra Cuba, vigente desde os anos 1960.
Por 189 votos a favor e 2 contra, a resolução foi discutida e aprovada pela 26ª vez consecutiva. Votaram contra Estados Unidos e Israel, e não houve abstenções. A Ucrânia e Moldávia não votaram, tampouco se abstiveram, de forma que não entram na contagem. Todas as emendas à resolução que haviam sido apresentadas pelos EUA foram rejeitadas. O Brasil votou a favor do texto.
Em 2017, 191 dos 193 estados-membros haviam votado pelo fim do bloqueio. Em 2016, último ano do governo do democrata Barack Obama, os Estados Unidos, que estavam em rota de reaproximação com Havana, se abstiveram e não houve votos contra a resolução.
Em seu pronunciamento, o embaixador cubano na ONU, Bruno Rodríguez, afirmou que a continuidade do bloqueio é uma "violação flagrante" contra a ilha. "O bloqueio constitui uma violação flagrante, massiva e sistemática dos direitos humanos das cubanas e dos cubanos e tem sido um impedimento essencial para as aspirações de bem-estar e prosperidade de várias gerações", disse.
O chanceler ainda destacou que "o bloqueio continua sendo o obstáculo fundamental do desenvolvimento cubano" e que ameaça a liberdade das nações. "É um ato de agressão e de guerra econômica", afirmou. "O governo dos EUA não tem a menor autoridade moral para criticar Cuba nem nada sobre a matéria de direitos humanos. Rechaçamos a reiterada manipulação deles com fins políticos", concluiu Rodríguez.
A atual embaixadora norte-americana na ONU, Nikki Haley, afirmou que o órgão "não pode colocar fim ao bloqueio a Cuba", mas poderia "enviar uma mensagem" ao país e condenar supostas "violações de direitos humanos".
Discursos
Uma série de países se manifestou durante os dois dias da sessão da Assembleia Geral.
Em nome do bloco dos Países Não Alinhados, o embaixador venezuelano na ONU, Samuel Moncada, rechaçou a política dos EUA com relação a Cuba e destacou que, nos últimos 27 anos, a Assembleia Geral tem votado a favor do país caribenho.
"O bloqueio constitui uma violação do desenvolvimento de Cuba, privando o país de dialogar com o plano internacional. O dano indireto e direto afeta todos os setores vitais da economia", disse o embaixador.
Em nome do Grupo dos 77, que compreende nações do sul em desenvolvimento, o embaixador do Egito na ONU, Mohamed Fathi Ahmed Edrees, ressaltou a importância de Cuba no cenário global e disse que "o fim do bloqueio contribuiria para o desenvolvimento mundial".
Também argumentaram a favor de Cuba o embaixador do Vietnã nas Nações Unidas, Dang Dinh Quy, e o representante da Jamaica na ONU, Courtenay Rattray.
Ambos destacaram a importância do respeito à soberania dos povos e expressaram seu descontentamento com a continuidade do bloqueio norte-americano.
Veja como foi a votação:
Edição: Opera Mundi