O líder da bancada do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Pimenta (PT-RS), afirmou que a “sociedade foi esbofeteada” com o acordo para a nomeação de Sérgio Moro para o Ministério da Justiça no governo Jair Bolsonaro (PSL), anunciado nesta quinta-feira (1º). Em coletiva de imprensa, o parlamentar defendeu que qualquer ilusão quanto à isenção do magistrado e da operação por ele comandada se encerram.
"A sociedade brasileira hoje foi esbofeteada. Muitas pessoas que até então nutriam uma ilusão sobre uma possível isenção do juiz Sérgio Moro e da Lava Jato devem estar profundamente decepcionadas por verem ele no braços de Jair Bolsonaro, compondo um governo para 'combater a corrupção' junto com Onyx Lorenzoni, Alberto Fraga, Magno Malta. Em uma condução de transição coordenada por Eliseu Padilha”, disse.
Onyx Lorenzi, que confessou ter recebido caixa dois da JBS, foi indicado para a Casa Civil. Alberto Fraga, amigo pessoal do próximo presidente e condenado por propina, chegou a ser cotado para um ministério, mas após repercussão da indicação, Bolsonaro recuou. O nome de Magno Malta, investigado pela Polícia Federal por conta da Máfia dos Sanguessugas, também é estudado pela equipe que desenha o próximo governo.
Pimenta disse que a decisão de Moro “envergonha o Judiciário brasileiro” e desgasta a imagem do país no âmbito internacional. O petista lamentou que, com a saída de Moro da magistratura, representações contra o juiz no âmbito do Conselho Nacional de Justiça -- como as que versam sobre gravações telefônicas ilegais e seus vazamentos para a imprensa -- perderão o objeto e não serão julgadas.
“Com esta decisão fica evidente que ele jamais teve qualquer isenção, tudo aquilo que denunciamos pedindo que ele fosse afastado. Para mim, o mais grave foi a revelação do general Mourão. Nós assistimos hoje o triste final da Lava Jato: desmoralizada, exposta nos seus subterrâneos”, apontou.
Hamilton Mourão (PRTB), vice de Bolsonaro, afirmou à imprensa que Paulo Guedes, futuro ministro da Fazenda, foi destacado para procurar Moro ainda antes do primeiro turno. A revelação, segundo Pimenta, reforça a visão de que o vazamento por parte de Moro da delação de Antonio Palocci atendeu a motivos eleitorais.
Pimenta afirmou ainda que o PT utilizará a ida de Moro ao Ministério da Justiça para reforçar em organismos internacionais as denúncias de perseguição ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Edição: Diego Sartorato