Guilherme Boulos, coordenador do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), e o deputado federal Paulo Pimenta (PT-RS), visitaram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nesta quinta-feira (8), na Superintendência da Polícia Federal, em Curitiba, onde o petista está preso há 215 dias.
Em fala à imprensa, Boulos defendeu que a democracia “deve ser uma prática cotidiana”, de respeito à Constituição e aos direitos sociais e trabalhistas. Ele criticou ainda a proposta defendida pelo presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) de criminalização dos movimentos sociais.
“Democracia não se limita a um eleição, de quatro em quatro anos. Democracia tem que ser uma prática cotidiana, onde se respeita a Constituição, os direitos das pessoas, das oposições, das minorias, onde se respeita a liberdade de expressão, dos movimentos sociais. Dessa democracia, a gente não vai abrir mão”, disse Boulos.
O presidente eleito já afirmou que não pretende dialogar com movimentos sociais como o MTST e o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Em entrevista à Rede Record, em outubro, Bolsonaro defendeu também que as ações desses movimentos sejam tipificadas como terrorismo, pois “a propriedade privada é sagrada”.
A proposta de ampliação da Lei Antiterrorismo, na qual os movimentos sociais seriam enquadrados, tem relatoria do senador Magno Malta (PR), cotado para integrar a equipe do governo Bolsonaro. A votação da matéria estava marcada para o dia 31 de outubro, na Comissão de Constituição e Justiça do Senado, mas foi adiada.
Para Boulos, as declarações de Bolsonaro contra os movimentos sociais são “próprias de quem não consegue conviver com a democracia”. O coordenador do MTST explicou que tais movimentos são compostos por pessoas humildes, que lutam para ter direitos básicos como moradia e alimentação.
“Alguém que não consegue pagar aluguel no fim do mês é terrorista? Um trabalhador boia fria, que vai para uma ocupação para ter uma terra para plantar é terrorista? Se querem acabar com o MTST, construam seis milhões de casas para todo sem teto desse país. Se querem acabar com o movimento sem terra, façam a reforma agrária e deem terra para quem precisa”, disse Boulos.
Emblema da resistência
Para o deputado Paulo Pimenta, a atual conjuntura brasileira exige não só dos movimentos sociais, mas de toda a população uma capacidade de organização política e de resistência para barrar retrocessos em direitos. Na visão de Pimenta, a Vigília Lula Livre é um emblema de resistência, que deveria ser tomado como exemplo em diferentes partes do Brasil.
“Nós estamos sendo desafiados a ter capacidade de resistência e capacidade de combate. E não se faz isso sem formação política, sem organização, sem disciplina, sem clareza de um projeto político maior, para compreender, inclusive, a dimensão do que nós estamos vivendo”, afirmou.
Esta é a terceira vez que Paulo Pimenta visita o ex-presidente Lula. Segundo o deputado, em todos encontros Lula reiterou a importância da Vigília para mantê-lo “forte e motivado”.
Edição: Diego Sartorato