As eleições de meio de mandato que aconteceram nessa terça-feira (06) nos Estados Unidos, conhecida como midterms, registraram um recorde histórico de mulheres eleitas para o Congresso do país. Ao todo, foram escolhidas 112, sendo 92 na Câmara e 10, no Senado.
O resultado reflete uma guinada eleitoral nos EUA, após o republicano Donald Trump sair vitorioso das eleições de 2016 contra a democrata Hillary Clinton. Atualmente, há 107 mulheres exercendo cargo eletivo na Câmara e no Senado.
Neste ano, foram 273 candidaturas femininas ao Congresso, número superior às 184 das últimas midterms. Se comparado com a eleições de 2008, o número de candidatas mulheres ao Congresso quase dobrou, passando de 143 à época para as 273 deste ano. Em relação ao último pleito, foram eleitas cinco mulheres a mais, superando os 107 cargos totais e os 85 na Câmara.
Para o cargo de governadora, foram eleitas nove mulheres pelos estados de Oregon, Novo México, Dakota do Sul, Kansas, Iwoa, Arkansas, Michigan, Alabama e Maine. Ao todo, as candidatas femininas do Partido Democrata venceram em cinco estados, enquanto que os republicanos fizeram quatro governadoras mulheres.
No estado de Oregon, a democrata Kate Brown foi reeleita com 49% dos votos, superando o republicano Knute Buehler, que somou 44%. No Novo México, a advogada democrata Michelle Lujan Grisham venceu o republicano Steve Pearce e atingiu 56,9% dos votos.
Do total de mulheres eleitas para o Congresso norte-americano, 99 são democratas. Entre as eleitas, há negras, muçulmanas e socialistas.
Alexandria Ocasio-Cortez
A democrata Alexandria Ocasio-Cortez se tornou a congressista mais jovem da história dos EUA. Negra, latina e socialista, a candidata de 29 anos saiu vitoriosa com 78% dos votos no 14º distrito de Nova York, tradicionalmente vencido por democratas.
Ocasio-Cortez já havia surpreendido quando desbancou o ex-congressista Joe Crowley nas primárias do partido. Crowley foi representante dos distritos do Bronx e Queens durante 10 mandatos.
Sua agenda progressista, que inclui defesa dos direitos de migrantes, criação de um sistema universal de saúde e controle do porte de armas, rendeu à democrata quantidade superior à necessária para derrotar seu adversário republicano Anthony Pappas, que somou 13% dos votos válidos.
Muçulmanas
Os estados de Michigan e Minnesota também elegeram representantes mulheres à Câmara e proporcionaram dois fatos inéditos na história das midterms. A filha de palestinos Rashida Tlaib, eleita em Minnesota, se tornou a primeira congressista muçulmana dos EUA, ao lado de Ilhan Omar, eleita em Michigan, de origem somali.
No estado do Kansas, a democrata Sharice Davids conquistou o assento do republicano Kevin Yoder na Câmara pelo 3º distrito e se tornou a primeira representante de povos nativos a ganhar uma vaga no Congresso. Ela é membro da etnia Ho-Chunk, tribo que habita os estados de Wisconsin e Nebraska.
No Tennessee, o democrata Phil Bredesen, que havia sido governador do Estado de 2003 a 2011, perdeu a vaga no Senado para a republicana Marsha Blackburn, que se tornou a primeira mulher eleita para o cargo.
A agora senadora é conhecida por suas posições conservadoras sobre aborto, porte de armas e migração. Durante campanha, Blackburn chegou a dizer que é "politicamente incorreta" e que tem "orgulho disso".
Maioria democrata
O Partido Democrata já garantiu ao menos 219 dos 435 assentos da Câmara, um a mais do que os 218 necessários para formar maioria simples.
No Senado, no entanto, onde estavam em jogo 35 de suas 100 cadeiras, a maioria delas democratas, o Partido Republicano conseguiu segurar sua maioria, que deve ser até ampliada.
Edição: Opera Mundi