A maior cidade do país, com índices acima da média nacional de escolaridade e renda, também é palco de constante discriminação racial, de acordo com pesquisa realizada pela rede Nossa São Paulo e o instituto Ibope Inteligente. Mais de 60% dos entrevistados, entre brancos e negros, revelaram que percebem a diferença de tratamento entre pessoas brancas e negras em shoppings, bares e lojas (66%), no trabalho (62%) e na escola ou faculdade (60%).
A percepção do racismo estrutural nesses lugares aumenta, em quase dez pontos percentuais, no recorte das respostas apenas de negros e pardos. Shoppings, bares e lojas (75%), no trabalho (70%) e na escola ou faculdade (70%).
Até mesmo no deslocamento entre um local e outro, o racismo está presente na vida dos negros. Para 60% dos entrevistados, há diferença no tratamento entre negros e brancos no transporte público. Na avaliação dos negros, esta diferenciação foi apontada por 69% dos entrevistados.
Emprego
A pesquisa da Rede Nossa São Paulo questionou também sobre as diferenças raciais no mercado de trabalho na capital do Estado. Dois terços dos entrevistados, cerca de 66%, afirmaram que pessoas negras têm menos oportunidade no trabalho do que pessoas brancas. Entre os entrevistados brancos, a afirmação foi apontada por 60%, entre os negros a resposta apareceu em 73% dos questionários.
Por outro lado, 2% dos entrevistados, brancos e negros, afirmaram que os negros têm mais oportunidade de empregos que os brancos. Já para 27% dos participantes do estudo, as oportunidades são as mesmas para brancos e negros.
Nas regiões Sul e Oeste da capital, foram registrados os maiores percentuais de respostas apontando a existência de diferença nas oportunidade de trabalho entre brancos e negros, 70% e 71%, respectivamente.
Poder público
A pesquisa ouviu 800 paulistanos de todas as regiões da cidade, sendo a maioria delas branca (52%), católica (44%), com o ensino médio completo (38%) e renda de até dois salários mínimos, cerca de R$ 1.920 por mês (33%).
Também foi perguntada a opinião das pessoas sobre a atuação da gestão municipal no combate ao racismo. Os dados apontam que para mais de três quartos dos entrevistados (77%), a prefeitura tem feito pouco ou nada contra o preconceito e a discriminação na cidade.
Entre os que se declararam negros, a resposta indicando a ineficiência da administração municipal foi registrada por 85% das pessoas.
Edição: Pedro Ribeiro Nogueira