Um grupo de 357 centro-americanos, a maioria hondurenhos, chegaram em Tijuana, no estado mexicano de Baixa Califórnia, nessa terça-feira (13). Eles se uniram a outros 85 imigrantes que já haviam chegado no domingo (11). A cidade é uma das portas de entrada para os Estados Unidos, por meio do estado da Califórnia.
Os pequenos grupos se desprenderam da caravana principal, que conta com cerca quase 4 mil migrantes, e teriam conseguido carona com caminhões e ônibus que passavam pelo caminho. Eles começaram essa jornada há mês, na cidade de San Pedro Sula, no norte de Honduras. Ao longo do trajeto, cidadãos da Guatemala e de El Salvador também se somaram aos hondurenhos.
A Comissão de Direitos Humanos do estado de Baixa Califórnia confirmou a chegada dos primeiros centro-americanos da caravana. "Temos conhecimento de 357 pessoas que chegaram agorinha", disse diretor geral da Comissão, Carlos Rafael Flores Domínguez, em declarações ao site de notícias Sol de Tijuana, nessa terça (13).
A maior parte dos migrantes está na região central do México. As caravanas estão divididas em quatro grupos principais e o maior deles, que agora conta com 3,6 mil pessoas está no estado mexicano de Jalisco, a 2.500 km da fronteira com os EUA. Um segundo coletivo se encontra no estado de Vera Cruz. Outra parte ainda está na Cidade do México, e um quarto grupo atravessa o estado de Oaxaca, a 460 km ao sul da capital mexicana.
O diretor de Atenção ao Migrante do Governo do Estado de Baixa Califórnia, Gustavo Magallanes Cortez, estima que cerca de 5 mil imigrantes devem chegar em Tijuana com o objetivo de cruzar para os EUA. As autoridades locais afirmam que estão preparando albergues para abrigar os centro-americanos que já estão chegando na região.
Mais de 7 mil cidadãos da América Central cruzaram a fronteira sul do México, de acordo com autoridades mexicanas, mas muitos deles decidiram ficar no país por enquanto.
A embaixada de Honduras na Cidade do México informou que também há muitos pedidos de asilo. "Um total de 1,2 mil hondurenhos solicitaram ingresso no programa de emprego temporário", disse o embaixador de Honduras no México, Alden Rivera, na segunda-feira (12).
Do que fogem os hondurenhos?
"Os migrantes fogem de Honduras e de sua ditadura militar", diz o jornalista Bartolo Fuentes, em entrevista ao canal russo RT. Ele é apontado como um dos organizadores das Caravanas Migrantes, mas ele nega que tenha qualquer tipo de liderança.
Diretamente de um albergue para imigrantes na Cidade do México, o hondurenho para garante que 70% da população do seu país tem intenção de migrar e explica porque: "Nos últimos dez anos, em Honduras, foram assassinadas tantas pessoas como nos dez anos de guerra civil em El Salvador (entre os anos 1980 e 1990). Foram 70 mil pessoas. O que estamos vivendo é uma guerra. As pessoas estão fugindo em busca de uma oportunidade, de lugar tranquilo, onde lhes permitam trabalhar".
Fuentes afirma que os responsáveis pela situação do país são o governo de Honduras, do presidente Juan Orlando Hernandéz, e o governo dos Estados Unidos. "As instituições estão arrebentadas em Honduras. O que existe é uma ditadura militar, com aparência de civil, imposta por duas fraudes eleitorais. Se em outros países há guerra porque o sistema caiu uma ou duas vezes, em Honduras foram 640 vezes. Apesar de tudo isso, o governo dos Estados Unidos se colocou como fiador de tudo isso, apoiou esses governantes", destacou o migrante que integra a caravana.
EUA na fronteira
Em um comunicado, o secretário de defesa estadunidense, Jim Mattis, informou que vai à fronteira com México na quarta-feira (14), visitar as tropas militares de "apoio fronteiriço".
"Basicamente o que estamos fazendo [na fronteira] é o reforço de obstáculos. Também temos helicópteros lá embaixo, para transportar a equipe de Patrulha Fronteiriça. Não temo nenhuma mudança nessa missão até o momento", afirmou Mattis.
O presidente dos EUA, Donald Trump, prometeu enviar um contingente de 15 mil soldados e agentes para a fronteira dos EUA coma o México, dos quais 6 mil já chegaram ao local, segundo o canal de televisão teleSUR.
Ativistas de direitos humanos dos EUA afirmam que esta operação na fronteira tem como objetivo intimidar os imigrantes. "Os EUA já enviou mais de 5 mil soldados à fronteira com o propósito de deter os imigrantes. O presidente tem tratado os imigrantes como criminosos, como parte de sua retórica racista, e isso é preocupante. Isso não representa nossos valores estadunidenses", declarou o diretor da Rede Fronteiriça pelos Direitos Humanos, Fernando García, durante um protesto contra Donald Trump, em San Diego, na Califórnia.
Edição: Vivian Fernandes