Morreu, aos 81 anos, o político, advogado e diplomata venezuelano Alí Rodríguez Araque, em Havana, Cuba, onde atuava como embaixador da Venezuela. Ele tratava um câncer no estômago há mais de cinco anos. Um dos protagonistas da Revolução Bolivariana, Alí Rodríguez foi ministro da Economia, de Relações Exteriores e da pasta de Energia e Minas. Além disso, atuou como secretario-geral da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), entre 2001 e 2002, e como secretario da União de Nações Sul-Americanas (Unasur), entre 2008 e 2010.
A morte do diplomata causou grande comoção social. Políticos venezuelanos prestaram homenagem ao legado de Alí Rodríguez nesta terça-feira (20). O presidente Nicolás Maduro divulgou uma mensagem de pesar. "Com muita tristeza recebo a notícia do falecimento de Alí Rodríguez, um lutador incansável, desses que são imprescindíveis na Revolução. Estendo minhas palavras de alento para toda a família. Sua experiência e honestidade foram uma escola para todos nós", disse o chefe de Estado venezuelano, por meio de sua conta no Twitter.
"Nos deixa um grande Revolucionário, um extraordinário ser humano, um guerreiro de qualquer batalha, um cavalheiro, um homem que soube defender suas convicções e suas posições. Boa viagem, querido camarada Alí Rodríguez", publicou o presidente da Assembleia Nacional Constituinte, o deputado Diosdado Cabello.
O ministro de Relações Exteriores da Venezuela também lamentou a morte do diplomata. "Muitas são as lições de vida do inesquecível companheiro Alí Rodíguez: política energética, política exterior, economia, luta social sem descanso. Contudo, sua humildade, honestidade e lealdade constituem seu principal exemplo e legado", ressaltou o ministro Jorge Arreaza.
Vida revolucionária
Alí Rodríguez Araque nasceu no estado de Mérida, nos andes venezuelanos. Nos anos 60 ingressou na guerrilha Forças Armadas de Liberação Nacional (FALN), para lutar contra a ditadura Rómulo Betancourt, entre 1959 e 1964. Na luta armada, ficou conhecido por seu pseudônimo “Comandante Fausto”. Ele contava que a escolha do pseudônimo era uma homenagem a Fausto Cossu, o Comandante Fausto da Resistência Italiana, organização que integrou a guerrilha contra o ex-primeiro ministro da Itália, Benedito Mussolini (1922-1943), e contra a ocupação nazista durante a Segunda Guerra Mundial. Além disso, Fausto é o célebre personagem do escritor Goethe -- "uma leitura apaixonante", disse Rodríguez certa vez, conforme narra a Milagros Inojosa, uma alta funcionária do Ministério da Comunicação e que conviveu com o político.
Depois de terminada a luta armada, Rodríguez entrou para o Partido Revolução Venezuelana (PRV), de tendência marxista. Em 1992, apoiou a rebelião militar comandada por Hugo Chávez, que tentou o derrubar o governo de Carlos Andrés Pérez -- manchado pelo massacre de civis de 1989, durante a jornada de protestos conhecida como "Caracazo", onde mais de 200 pessoas foram mortas pela Forças de Segurança do Estado. Foi eleito deputado, em 1993, e senador, em 1998.
Quando Hugo Chávez foi eleito presidente e tomou posse, em 1999, Alí Rodríguez passou a fazer parte do primeiro escalão do governo, homem de total confiança do presidente até os últimos dias. Foi nomeado membro da Comissão Presidencial de Enlace de Energía y Minas (1999-2004) e, como presidente da empresa Petróleos da Venezuela SA (PDVSA), entre 2002 e 2004, ajudou Chávez a mudar a política energética da Venezuela. Como secretário geral da OPEP, Rodríguez teve forte influência no mercado internacional. O barril do petróleo passou de 41 dólares, em 1999, para 148 dólares, em 2004.
Enquanto secretário-geral da Unasul, entre 2012 e 2014, durante a presidência pró-tempore da Venezuela, ele recebeu reconhecimento internacional de sua vocação para diplomacia.
Edição: Daniel Giovanaz