Novo presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, empossado no cargo no último sábado (1), anunciou nessa segunda-feira (3) seu primeiro decreto presidencial, em que cria uma comissão especial para investigar a fundo o ataque e desaparecimento dos 43 estudantes rurais, da região de Ayotzinapa, no estado mexicano de Guerrero.
"Conheceremos toda a verdade sobre Ayotzinapa", disse Obrador, durante a assinatura do decreto, na presença de familiares dos estudantes desaparecidos. O presidente também garantiu que não haverá impunidade. "Todo o governo vai ajudar em esse propósito e garanto que não haverá impunidade, nem desse caso doloroso, nem de nenhum outro", foram as palavras de López Obrador.
A representante dos familiares María Martínez, mãe de Miguel Ángel Hernández Martínez, um dos estudantes desaparecidos, pediu que o caso seja esclarecido e que o Estado mexicano possa dar respostas às famílias que até hoje buscam pistas do que teria acontecido com os estudantes da escola Normal Rural Isidro Burgos, de Ayotzinapa. "Nos ajude a sair dessa sujeira em que nos deixou Enrique Peña Nieto [ex-presidente]", pediu a mãe. E completou: "pedimos que seja mais humano, estamos depositando nossa confiança no senhor".
A comissão de investigação será coordenada pela secretária de Governação, Olga Sánchez Cordero e o subsecretário de Direitos Humanos, Alejandro Encinas. "Esse é o primeiro passo para a construção do processo de pacificação e reconciliação do país", disse Encinas durante a cerimônia.
Segundo a secretária Olga Sánchez Cordero a comissão será integrada pelos pais dos estudantes e representante das secretarias (ministérios) da Fazenda e Relações Exteriores, assim como criminalistas e especialistas mexicanos e estrangeiros. A Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Comissão de Direitos Humanos das Nações Unidas também farão parte da equipe de investigação.
Outras decisões do primeiro dia de governo
O novo presidente mexicano anunciou ainda uma série de medidas em matéria de segurança pública. Conforme havia dito em campanha eleitoral, Obrador se reuniu hoje às 6h da manhã com o Conselho de Segurança, e o prometido é que o fará todos os dias, a essa hora, para dar respostas e soluções ao problema da criminalidade no país. Na primeira hora do dia fará um balanço da segurança no país.
Na segunda-feira, o presidente anunciou que foram enviados cerca de 35 mil policiais militares e federais, e militares da Marinha, a várias regiões do país com o propósito de deter a violência. A primeira tarefa, segundo Obrador, é ter um diagnóstico dos tipos de crimes mais comuns no México. Isso será feito por essa força-tarefa iniciada no setor de segurança pública.
Depois da reunião com o Conselho de Segurança, o presidente participou de uma entrevista coletiva, onde foi questionado se tentaria alguns acordos com os cartéis de drogas do país e o crime organizado. "Nós não vamos estabelecer nenhum tipo de acordo ilegal. Temos muito claro que tem que haver um linha divisória, em uma fronteira entre a autoridade e a delinquência. Quando essa fronteira deixa de existir é porque não existe mais autoridade", respondeu Obrador.
Edição: Mauro Ramos