O “4º Encontro Latino-americano de Feminismos – Ella 2018” chegou ao fim na tarde desta segunda-feira (10), na cidade de La Plata, na Argentina. Promovido por uma rede de coletivos de diferentes países, o Ella ocorre desde 2014 no continente, com uma gestão colaborativa.
A proposta do encontro é congregar mulheres de diferentes lugares e perfis, oxigenando a luta em torno das pautas que dizem respeito à igualdade de gênero, como o empoderamento feminino e a visibilidade das lutas feministas no mundo. Ao todo, cerca de 1,4 mil mulheres foram credenciadas para a edição 2018.
A Argentina, que sediou o evento, viveu recentemente uma das maiores mobilizações feministas dos últimos tempos, com a onda popular em defesa da legalização do aborto.
O evento, que teve início na última sexta (7), na Universidade Nacional de La Plata, promoveu rodas de conversa, oficinas, shows, programação cinematográfica, entre outras atividades.
Segundo a organização, houve a participação de mulheres de 27 países, a maior parte da América Latina. Do Brasil, por exemplo, foram duas caravanas, que saíram de Brasília (DF) e do eixo Rio de Janeiro (RJ)-São Paulo (SP), com a presença de militantes de cidades próximas.
A militante argentina Claudia Korol, integrante da equipe de educação popular do movimento “Pañuelos em Rebeldía”, que trabalha com base na pedagogia feminista em articulação com diferentes organizações populares no continente, celebra o intercâmbio proporcionado pelo evento.
“Foi super interessante compartilhar [ideias] com irmãs, companheiras que vêm fazendo parte da luta feminista com uma perspectiva antipatriarcal, antirracista, anticolonial, anticapitalista, e com muitas jovens que estão buscando caminhos de ativismo pelo feminismo. Estamos começando uma revolução”, exalta.
A coordenadora da comunicação do Ella, Ísis Maria, destaca o fato de a edição deste ano ter conseguido reunir uma maior variedade de perfis de mulheres, além de ter debatido temas que transpõem a pauta mais tradicional do feminismo.
Assuntos relacionados ao veganismo e à economia, por exemplo, vieram à tona, porque também envolvem diretamente a vida das mulheres.
“A gente conseguiu aglutinar bastante gente, ampliar a diversidade, pensando na quantidade de mulheres negras, trans, mulheres com deficiência e mulheres mais velhas. Não foi um encontro de feministas ‘clássico’. Se você pensar que foi um encontro na Argentina, não havia só mulheres da pauta do aborto, que é um grande tema, [porque] o Ella está para além disso”, afirma.
A militante Diana Broggi, do movimento argentino Pátria Grande, ressalta a importância do evento para a luta contra o modo de produção dominante e as diferentes formas de opressão praticadas contra as mulheres por meio das pautas econômicas.
“Nós pudemos falar acerca dos feminismos, das teorias da resistência, a resistência frente ao neoliberalismo. Foi muito bom e tem um valor muito grande poder realizar um encontro com essas características”, finaliza.
Edição: Daniel Giovanaz