Terminaremos na realidade com os mesmos médicos
O ano se aproxima do seu final, mas os problemas na saúde pública brasileira estão bem longe de serem solucionados. Na realidade, de forma inexplicável, parece que não estão muito preocupados com esta questão. Bolsonaro, em primeiro lugar, por ter sido responsável pela saída dos médicos cubanos do Brasil. E o atual governo por ter lançado um edital às pressas e pouco compromissado com uma ocupação efetiva das vagas.
Na realidade, quase todo o discurso que foi construído contra o Programa Mais Médicos foi baseado em mentiras e fake news. Inventaram de tudo e sobre tudo. Desde falsas notícias sobre a formação médica em Cuba, reconhecida mundialmente, até sobre os motivos e razões para a saída dos cubanos do Programa. Nunca é demais reforçar que o fim da cooperação cubana se deu por todas as ameaças feitas pelo futuro presidente Bolsonaro. E se tem algo que sobra em Cuba, é a dignidade daquele povo que não esperou a expulsão para se retirar do Brasil.
Com a saída dos cubanos, o atual governo anunciou um edital extraordinário para ocupação das vagas em todo o país. Mas diferente de outros editais, especialmente os que saíram ainda no governo de Dilma, o atual governo não teve a mínima preocupação em estabelecer critérios de seleção ou de proteção para os municípios. O resultado disso é que houve uma verdadeira caça às vagas por parte dos médicos, mas sem critérios que impedissem a criação de um vazio assistencial.
O melhor exemplo para explicar ao que me refiro é o que acaba de acontecer em Petrolina-PE e Juazeiro-BA, cidades vizinhas e separadas apenas pelo Rio São Francisco. As duas cidades juntas contavam, até agora, com 4 profissionais cubanos. Com o novo edital, as 4 vagas foram preenchidas por médicos do Brasil. Porém, por conta do mesmo edital, outros 15 médicos deixaram os dois municípios. E aí está a grande farsa: no total, divulgarão, para o caso em questão, que foram 19 novas vagas ocupadas. Mas não passará de um grande engodo. Como disse um amigo, terminaremos na realidade com os mesmos médicos. Em alguns casos, como o nosso, com menos médicos.
Quero deixar claro que toda a crítica não é direcionada aos médicos e às médicas que buscam o que acreditam ser melhor para suas vidas. Ainda faltam alguns dias e espero sinceramente que o máximo de vagas sejam ocupadas. Mas espero também que não insistam em nos enganar. Precisarão de muito mais do que bravatas e dedos apontados para enfrentar os problemas de nossa população.
Edição: Marcos Barbosa