A primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, garantiu-se no cargo após o Partido Conservador rejeitar nessa quarta-feira (12) uma moção de desconfiança por 200 votos contra 117. Com a decisão, a premiê não poderá ter sua liderança contestada por pelo menos um ano. Ela precisava de ao menos 158 votos para continuar no posto.
O pedido havia sido apresentado por 48 parlamentares do Partido Conservador na Câmara dos Comuns, o que é, segundo a regra da agremiação, o número mínimo para que uma moção seja posta em votação.
Em uma tentativa de angariar votos, May disse aos membros do partido que não tentará a reeleição como primeira-ministra nas próximas eleições gerais, previstas para 2022.
Divergências internas
As divergências entre os Tories, como são conhecidos os membros do Partido Conservador, devem-se às negociações do Brexit, cujo acordo de "divórcio" desagradou a praticamente todos os grupos políticos no país, inclusive uma ala considerável do partido Conservador.
Parte do partido defende um Brexit mais duro, com poucas concessões ao bloco europeu. O acordo atual entre Londres e Bruxelas prevê a manutenção de uma união aduaneira entre os dois lados e o chamado "backstop", princípio que prevê uma fronteira aberta entre a Irlanda do Norte, território britânico, e a República da Irlanda, membro da UE, caso se demore a aprovar um futuro tratado comercial.
Atraso no Brexit
Antes da votação, May cancelou uma viagem que faria a Dublin também nessa quarta-feira (12) para discutir o Brexit. "Farei oposição a esse voto [de desconfiança] com todas as minhas forças", disse, em frente à sede do governo britânico.
Segundo a premiê, sua eventual saída poderia ter colocado "o futuro do país em risco", quando se referiu ao atraso nas negociações de saída do bloco.
“Uma mudança de liderança no partido Conservador, agora, irá colocar o futuro de nosso país em risco e criar incerteza no momento em que menos poderemos suportá-lo. (…) O novo líder não teria tempo de renegociar um acordo de saída [da União Europeia] e passar a legislação pelo parlamento até 29 de março – então um de seus primeiros atos teria que ser estender ou rescindir o Artigo 50, atrasando – ou mesmo interrompendo – o Brexit enquanto o povo deseja que continuemos com ele”, afirmou.
O acordo do Brexit devia ter sido votado no Parlamento britânico na última terça (11), mas o governo decidiu adiar a sessão porque uma derrota era inevitável. Além disso, May voltou a Bruxelas e Berlim para tentar reabrir as negociações sobre o "backstop", mas a UE não aceitou rediscutir o pacto, fruto de um ano e meio de tratativas.
Edição: Opera Mundi