Prostitutas de Manaus, Pará, Pernambuco, Maranhão, Aracaju, Bahia, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Brasília, Corumbá, Curitiba, Rio de Janeiro, Porto Alegre, Minas Gerais e São Paulo estão reunidas, em João Pessoa, no 2° Seminário Nacional de Prostitutas. O encontro começou dia 18 e segue até esta quinta (20) e acontece no Teatro Lima Penante, no Centro. Estão sendo discutidos temas como saúde, com foco na discussão das DSTs/AIDS, saúde mental e questões como feminismo, trabalho e acesso a políticas públicas voltadas para as prostitutas, não só as que vivem nas capitais, mas as dos interiores do Brasil. Mesas redondas, Grupos de Trabalho (GTs) e intervenções artísticas ocorrem até a quinta-feira.
O primeiro Encontro nacional de prostitutas foi realizado em 1987, no Rio de Janeiro, com o tema “Fala, Mulher da Vida”, na época da redemocratização do Brasil, de lá para cá, muitas coisas avançaram. “Os avanços vão acontecendo embora tenham também alguns retrocessos. O fato de hoje conseguirmos sentar e discutir políticas públicas e está colocando nossas questões e o que é interessante para as nossas vidas, já é um avanço. Temos ainda enfrentado muitos preconceitos e violência porque somos a maioria pobre, negra e prostituta então são vários problemas. Infelizmente a prostituição ainda carrega um estigma, mas estamos firmes e fortes na luta e discutindo políticas e melhorias de qualidade de vida para nós”, explicou Lusa Maria, presidente da Associação das Prostitutas da Paraíba (APROS-PB).
A preocupação com a prevenção de doenças sexualmente transmissíveis permeia não só o encontro, como a prática profissional das prostitutas, que para além de sua própria saúde, se preocupam com a saúde de seus clientes. “O trabalho de prevenção, de cuidado com o corpo e saúde a Apros-PB tem feito o ano inteiro junto às prostitutas”, afirmou Lusa.
Por isso, participam do Seminário gestores das coordenações de Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) de Sapé, Mamanguape, Itabaiana, Cajazeiras e Sousa. Para a Apros-PB, os agentes comunitários de saúde são importantes parceiros que podem facilitar e replicar informações sobre saúde para as prostitutas dessas cidades.
O Seminário será finalizado neste dia 20 com o desfile da Daspu, criada em 2005, por Gabriela Leite (SP). Esse momento vai acontecer na Praça Antenor Navarro, a partir das 20h. A grife Daspu foi criada para dar sustentação a Ong Davida. Cria e vende roupas inspiradas nas prostitutas. Quem for conferir o desfile vai conhecer peças criadas em parceria com os estilistas Ale Marques e Marcita com desenhos da Laerte e de alunos do curso de moda da Unama, em Belém, para a grife. O desfile tem direção e produção de Elaine Bortolanza, em parceria com Associação das Prostitutas da Paraíba APROS-PB e a Hera Bárbara.
Três entidades de âmbito nacional estão presentes no encontro, a Rede Brasileira de Prostituta, a Central Única de Trabalhadores e Trabalhadoras Sexuais (CUTS) e a Articulação Nacional de Profissionais do Sexo.
Edição: Heloisa de Sousa