Alimentos de assentamentos da reforma agrária são entregues quinzenalmente na Zona Sul da cidade
Quem mora em São Paulo e vive na correria da maior cidade da América Latina pode pensar que é complicado encontrar produtos orgânicos a preços acessíveis. Mas isso não é verdade. Consumir produtos sem veneno pode ser mais simples do que você pensa.
Uma opção prática é entrar em contato com pessoas que fazem a aliança entre os agricultores no campo e os consumidores na cidade. O pedido de frutas, verduras e hortaliças sem agrotóxico pode ser feito via WhatsApp!
Maria Alves é acampada na Comuna da Terra Irmã Alberta, que fica na região de Perus, na capital paulista. Ela é uma agricultora do acampamento do MST, o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, que oferece alimentos orgânicos para quem mora na área urbana.
“Essas hortaliças e frutas são sem agrotóxicos, sem adubo químico, sem nenhum veneno. Aqui a gente procura recursos naturais. Eu garanto que vai limpinho. Quando vocês receberem o kit lá, podem ter certeza que vocês conhecem a origem do produto”, garante Maria Alves, acampada na Comuna da Terra Irmã Alberta, na região de Perus.
Aliando o campo e a cidade, Marilene de Camargo e Paulo Nakamura recebem pedidos de consumidores urbanos nos grupos de aplicativo de celular e ofertam os produtos disponibilizados por produtores como a Maria. As entregas acontecem quinzenalmente na zona sul de São Paulo.
“Um dos problemas do assentamento é a distribuição de mercadoria. O pessoal não tem transporte e os produtos são perecíveis. Então, desde outubro de 2017, a gente começou a fazer um grupo de compras”, conta Marilene.
Resistência
Para Paulo Nakamura seu trabalho contribui para aproximar aqueles que produzem, daqueles que procuram os alimentos orgânicos, quebrando a lógica do mercado. “A ideia é não ter lucro. Queremos fazer esse trabalho através do relacionamento entre as pessoas e não através da mercadoria, um relacionamento humano entre trabalhadores e consumidores”, acredita.
Localizado em Franco da Rocha, cidade da grande São Paulo, o assentamento Dom Tomás Balduíno completou 16 anos em 2018. Em sua extensão de oito mil hectares, vivem 63 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Para Rosely Maria Paini, assentada do Dom Tomás, essa aliança campo-cidade fortalece a luta pela terra e pela alimentação saudável para todos.
“Essa interlocução de quem compra e quem vende é muito importante. É muito legal porque as pessoas trazem força para a gente. Elas se identificam com a luta, e muitas delas são lutadoras também em seus espaços. A gente junta aqui as experiências, as forças e essa identidade. Por isso, estou sempre de portas abertas. A conquista da terra não foi uma conquista só nossa, ela foi de muita gente”, diz a assentada.
Serviço
Os produtos ofertados pelos assentados são variados, vão desde verduras, legumes, até frutas, todos orgânicos. Tem alface, couve, rúcula, cebolinha, cenoura, beterraba, mandioca, abacate, limão, banana, uva, entre outros. Neste ano, os assentamentos puderam vender cerca de quatro toneladas de manga através de grupos como este organizado por Marilene e Paulo Nakamura.
Os pedidos são feitos até a quinta-feira duas vezes no mês. A entrega é realizada quinzenalmente aos sábados no Centro de Defesa dos Direitos Humanos Frei Tito de Alencar Lima, na rua Jacinto Paes, 57, em Americanópolis, Região Sul de São Paulo. Para pedir, basta entrar em contato pelo (11) 98972-4382.
* Produção: Daniela Stefano
Edição: Daniela Stefano