Após o presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) declarar neste sábado (29) pelo Twitter que pretende liberar, por decreto, a posse de arma com regras mais simples para cidadãos sem antecedentes criminais, o Datafolha divulgou uma pesquisa neste domingo (30) que mostra que o percentual de brasileiros que são contrários à flexibilização do porte (poder transitar) e da posse (poder ter em casa) de armas cresceu.
Em outubro, 55% dos entrevistados se mostravam contrários. Hoje, são 61% das 2.077 pessoas entrevistadas em 130 municípios em todas as regiões do país. Já 37% são favoráveis para "que o cidadão possa se defender".
A pesquisa do Datafolha mostrou também que as mulheres são 71% contrárias à liberação, contra 51% dos homens. Pessoas com mais renda e ensino superior são mais favoráveis às propostas de Bolsonaro.
Hoje, quem quer ter uma arma precisa ter a posse concedida pela Polícia Federal e atender aos seguintes requisitos: ter mais de 25 anos, uma ocupação lícita, justificar 'efetiva necessidade' do porte, não estar respondendo a inquérito policial ou processo criminal, não ter antecedentes criminais nas justiças Federal, Estadual (incluindo juizados), Militar e Eleitoral, comprovar aptidão psicológica e técnica para usar arma de fogo.
Uma das principais promessas de campanha do candidato de extrema direita, a flexibilização da posse também poderá se tornar permanente, ou seja, quem adquirir uma arma não precisará passar pela necessidade de renovar o registro e a habilitação das armas. Atualmente, pelo Estatuto do Desarmamento, que Bolsonaro prometeu revogar, quem tem uma arma precisa comprovar idoneidade de cinco em cinco anos.
Segundo o Mapa da Violência de 2016, "foi possível verificar que as políticas de controle das armas de fogo, sancionadas em 2004, permitiram evitar um total de 133.987 homicídios por armas de fogo". O Mapa, realizado anualmente desde 2004, também mostra que "em 1980, nossa taxa de mortalidade por armas de fogo era de 7,3 por 100 mil; em 2003 (ano imediatamente anterior à entrada em vigor do Estatuto do Desarmamento), era de 22,2 por 100 mil, praticamente idêntica à de 2014, de 22,4 por 100 mil. Essa evidência reafirma nossa conclusão: as políticas de desarmamento conseguiram sofrear o crescimento descontrolado da mortalidade por armas de fogo imperante, até essa data, no país".
Edição: Brasil de Fato