Extrema direita

Com citação bíblica e grego arcaico, novo chanceler toma posse e critica "globalismo"

Ernesto Araújo misturou passagens bíblicas com artistas brasileiros e causou espanto entre diplomatas estrangeiros

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Ernesto Araújo citou versículos bíblicos durante discurso de posse
Ernesto Araújo citou versículos bíblicos durante discurso de posse - Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil

Na presença de autoridades e representantes de missões diplomáticas no país, o embaixador Ernesto Araújo assumiu na noite desta quarta-feira (02) formalmente o Ministério das Relações Exteriores (MRE), no lugar de Aloysio Nunes Ferreira. 

Em discurso de posse, que durou 32 minutos, o novo chanceler criticou o que chama de "globalismo" na política externa e a forma como os acordos comerciais vêm sendo conduzidos, além de citar passagens bíblicas, poéticas, literárias e músicas de Renato Russo e Raul Seixas e referências ao escritor Olavo de Carvalho.

Em grego arcaico citou o versículo bíblico "conhecereis a verdade e a verdade vos libertará". O ministro falou sobre nova abordagem para a política externa brasileira. "O presidente Bolsonaro está libertando o Brasil, por meio da verdade. Vamos libertar a política externa brasileira e libertar o Itamaraty", afirmou.

Para o ministro, é preciso "ver menos CNN e ouvir mais Raul Seixas, ler menos New York Times e mais José de Alencar".

“Globalismo”

Segundo Ernesto Araújo, o "globalismo" está destruindo as nações. A ideia de “globalismo” é bastante difundida em círculos de extrema-direita, mas não encontra eco em outros locais. O próprio chanceler já o definiu "globalismo", em um blog que mantém, como "a globalização econômica que passou a ser pilotada pelo marxismo cultural, (…) um sistema anti-humano e anticristão”.

"Aqueles que dizem que não existem homens e mulheres são os mesmos que pregam que os países não têm direito de guardar suas fronteiras, são os mesmos que propalam que o feto humano é um amontoado de células descartáveis, são os mesmos que dizem que a espécie humana é uma doença e que deveria desaparecer para salvar o planeta", disse. "Não mergulhemos nessa piscina sem água que é a ordem global", afirmou o novo chanceler. 

Ernesto Araújo mencionou Israel, Estados Unidos, Itália, Hungria e Polônia como países que admira pela postura patriótica e afirmação nacionalista. Numa breve menção sobre a Venezuela, disse admirar "os que lutam contra a tirania" no país vizinho, além dos latino-americanos "que se libertaram dos regimes do foro de São Paulo".

"O problema do mundo não é a xenofobia, mas a oikophobia, que é odiar o próprio lar, o próprio povo, tripudiar a própria nação", disse. Araújo também falou do crescente "ódio a Deus".

Acordos comerciais

O novo chanceler disse também que sua gestão vai mostrar que o país não precisa se submeter ao globalismo para promover os negócios no exterior.

"Um dos instrumentos do globalismo, para abafar aqueles que se insurgem contra ele, é espalhar que para fazer comércio e negócios não se pode ter ideias nem defender valores. Nós provaremos que isso é completamente falso. O Itamaraty terá, a partir de agora, um perfil mais elevado, mais engajado, que jamais teve na promoção do agronegócio, do comércio, dos investimentos, da tecnologia", disse, acrescentando que o Itamaraty vai se aproximar dos empresários e do setor produtivo e "não será mais um ministério que só fica olhando".

Segundo o ministro, a ideia é criar um setor de promoção comercial no MRE e desburocratizar as representações internacionais, que devem atuar como um "escritório comercial" a favor dos produtos brasileiros.

"Nós negociamos, muitas vezes, a partir de uma posição de fraqueza, como se estivéssemos implorando acesso a mercados, quando na verdade deveríamos negociar a partir de uma posição de força, como um dos maiores, potencialmente o maior produtor de alimentos do mundo, por exemplo", destacou.

Foros multilaterais

Sobre a participação do Brasil em foros multilaterais, Ernesto Araújo disse que defenderá os interesses nacionais, as liberdades e os direitos humanos. "No sistema multilateral político, especialmente na ONU, vamos reorientar a atuação do Brasil em favor daquilo que é importante para os brasileiros, não o que é importante para as ONGs, defenderemos a soberania, a liberdade de expressão, a liberdade de imprensa, a liberdade de internet, a liberdade política. Defenderemos os direitos básicos da humanidade, principalmente o direito de nascer", afirmou.

*Com Agência Brasil.

Edição: Opera Mundi