Em busca da reeleição na Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM) começou a articular sua campanha à Presidência com o apoio do PSL, partido de Jair Bolsonaro, e do PRB. O presidente do PSDB na Câmara, Nilson Leitão (MS), disse que o partido deve seguir o mesmo caminho.
Na contramão, o PSOL lançou a candidatura de Marcelo Freixo, como forma de tentar articular a oposição em torno do deputado carioca.
As articulações para a reeleição de Maia -- costuradas pelo deputado do PSL, Alexandre Frota, a pedido do Ministro da Economia, Paulo Guedes -- fizeram a Bolsa disparar. Foi registrada alta de 3,56%, com queda expressiva na cotação do dólar, diante da promessa do deputado do DEM de seguir à risca a agenda econômica do novo governo, que até o momento tem declarado se manter distante da disputa no Legislativo. “Vamos dialogar com todos partidos”, disse Onyx Lorenzoni, chefe da Casa Civil.
No total, a Câmara tem 513 deputados de 30 partidos diferentes. A oposição, considerando PT, PSOL, Rede, PPL, PDT e PCdoB, alcançaria 77 deputados. Caso o PSB entre na coalizão, o número subiria para 110. Apenas a aliança entre PSDB, PSL e PRB já alcança a quantia de 111.
No entanto, a aliança entre PSL e Maia causou fissuras, como por exemplo, entre a bancada do MDB e do PP, que tentavam desenhar uma candidatura em torno de Maia. E pode fortalecer a candidatura de Fábio Ramalho (MDB-MG) para a cadeira.
Prioridade zero: atacar a Previdência
Para fechar a aliança, o PSL recebeu a promessa de comandar a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), de Finanças e a segunda vice-presidência da Câmara. Paulo Guedes, que ajudou a articular a aliança, disse que a reforma da Previdência será “o primeiro e maior desafio a ser enfrentado” e ameaçou contingenciar orçamento para saúde e educação caso ela não saia.
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Oposição
O PT declarou nesta quinta-feira (3), por meio de sua presidenta nacional, Gleisi Hoffmann, que a ligação de Maia com o PSL inviabiliza a participação do PT na reeleição do presidente da Câmara.
Pelo Twitter, Freixo qualificou sua candidatura como a tentativa da criação de um polo republicano e democrático em defesa da Constituição e classificou essa eleição para a Presidência da Câmara como “a mais importante desde a redemocratização”, chamando demais partidos à unidade.
Ao blog da jornalista Julia Duailibi, Hoffmann afirmou que a aliança com o PSOL não está descartada, mas “ainda é cedo para falar”. Ao Valor Econômico, Juliano Medeiros, presidente do PSOL, disse que irá chamar outros partidos para conversar presencialmente sobre a criação de uma “oposição com cara de oposição”.
Edição: Brasil de Fato