AMÉRICA LATINA

Líderes parabenizam Maduro por novo mandato; veja repercussão da posse

Cerimônia de posse para período 2019-2025 ocorreu nesta quinta-feira (10); Maduro foi reeleito em maio com 67% dos votos

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Nicolás Maduro foi reeleito em maio de 2018
Nicolás Maduro foi reeleito em maio de 2018 - Reprodução/Twitter

Chefes de Estado parabenizaram nesta sexta-feira (11) o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, pelo início do novo mandato. A cerimônia de posse ocorreu nesta quinta-feira (10). 

“Assistimos à posse do irmão presidente Nicolás Maduro junto a chefes de Estado e delegações diplomáticas da América Latina, Africa e Ásia, com a convicção da integração e liberação dos povos dignos do mundo. A Pátria Grande está com a Venezuela”, afirmou o presidente da Bolívia, Evo Morales. 

O mandatário aproveitou para criticar a declaração emitida ontem pela Organização dos Estados Americanos (OEA), que não reconheceu a legitimidade do mandato de Maduro. “A resolução da OEA, que não respeita o governo legítimo, legal e democrático da Venezuela, viola o princípio de ingerência desse organismo e atenta contra a soberania de um povo que votou pelo presidente Nicolás Maduro. Os Estados Unidos usam a OEA para forçar uma intervenção”, disse. 

Segundo ele, a organização, “que deve buscar integração, se converte em um instrumento de agressão e humilhação contra a autodeterminação dos povos. A democracia é do povo, não do império”. 

O presidente de Cuba, Miguel Díaz-Canel, também parabenizou o mandatário venezuelano. “Valente e abrangente discurso de Maduro em sua cerimônia de posse ante ao Tribunal Supremo. Sem temor perante às ameaças e os riscos. Com otimismo e confiança no povo perante os enormes desafios que demandam a batalha contra a burocracia, a corrupção e a ineficiência” afirmou. 

Díaz-Canel também ressaltou as alianças com a Venezuela: “Porque, como dissemos: ‘não é possível subestimar a grande dispersão de recursos de nossos adversários históricos para impedir que forças progressistas e populares se mantenham no governo’”.

Salvador Sanchez Cerén, presidente de El Salvador, descreveu a cerimônia como “um momento histórico para o processo de consolidação da paz, do desenvolvimento e do fortalecimento da democracia na Venezuela”. 

ONU

Stéphane Dujarric, porta-voz do secretário-geral da ONU, António Guterres, também se pronunciou sobre a posse de Maduro. Em um comunicado divulgado nesta quinta-feira, Dujarric afirmou que o órgão multilateral manterá a cooperação com a Venezuela. 

“Nós continuaremos trabalhando com o governo da Venezuela, notadamente no marco da assistência ao desenvolvimento, alimentação, saúde, segurança e nutrição”, disse.

Dujarric também declarou que a ONU não se dedica a reconhecer ou não reconhecer chefes de Estado. Por fim, afirmou que António Guterres tem compromisso com o “diálogo político e inclusivo” na Venezuela: “O secretário-geral segue disponível para ajudar de todas as formas”.

Brasil

A presidenta nacional do Partido dos Trabalhadores (PT) , Gleisi Hoffmann, que acompanhou a cerimônia de posse, criticou a "posição intervencionista" do governo de Jair Bolsonaro (PSL) na política venezuelana. 

Em nota, Hoffmann afirmou que é preciso “deixar claro que não concordamos com a política intervencionista e golpista incentivada pelos Estados Unidos, com a adesão do atual governo brasileiro e outros governos reacionários. Bloqueios, sanções e manobras de sabotagem ferem o direito internacional, levando o povo venezuelano a sofrimentos brutais”. 

A deputada federal eleita em outubro também rechaçou a declaração do Grupo de Lima, bloco formado por 14 países -- entre eles, o Brasil. O grupo decidiu na sexta-feira passada (4) não reconhecer a legitimidade do governo de Maduro.

Segundo Hoffmann, o PT reconhece “o voto popular pelo qual Nicolás Maduro foi eleito, conforme regras constitucionais vigentes, enfrentando candidaturas legítimas da oposição democrática”. 

O Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST) também divulgou uma nota parabenizando Maduro. “O MST reconhece e saúda o segundo mandato de Nicolás Maduro, que se inicia hoje, como presidente da República Bolivariana da Venezuela. Neste contexto de ofensiva neoliberal que ataca e desestabiliza democracias pela América Latina é imprescindível a resistência venezuelana”, afirma o comunicado. 

À frente da Venezuela desde março de 2013, quando sucedeu Hugo Chávez na presidência, Maduro foi reeleito em maio de 2018 com 67% dos votos. O novo mandato, iniciado nesta quinta, tem duração de seis anos. 

Além das delegações de China, Rússia e Turquia -- parceiros comerciais da Venezuela --, também esteve presente na posse o presidente da Nicarágua, Daniel Ortega. México e Uruguai enviaram representantes diplomáticos. 

Edição: Daniel Giovanaz