A Polícia Militar de São Paulo reprimiu um protesto contra o aumento da tarifa do transporte público na capital paulista nesta quarta-feira (16), antes que os manifestantes saíssem do local de concentração.
O ato foi convocado pelo Movimento Passe Livre (MPL) e é o segundo que ocorre em São Paulo (SP) após o reajuste da passagem de R$ 4,00 para R$ 4,30, no dia 7 de janeiro. Quinze pessoas foram detidas. Não há dados oficiais sobre o número de feridos.
Os manifestantes estavam sentados fazendo um jogral — lendo um manifesto em conjunto, em voz alta — quando policiais começaram a atirar balas de borracha e gás lacrimogêneo na Praça do Ciclista, na Avenida Paulista.
“A gente estava só fazendo nosso grito, ninguém estava fazendo nada contra a polícia e eles começaram a jogar bomba, do nada. A gente estava só sentados no chão”, relatou uma manifestante à Telesur enquanto deixava o local.
O fotojornalista Daniel Arroyo, da Ponte Jornalismo, foi atingido no joelho por um disparo de bala de borracha. O repórter questionou a polícia no local e, como resposta, ouviu "não podemos fazer nada".
Após a repressão da PM, os manifestantes se reagruparam e marcharam pela Rua da Consolação, em direção à Praça Roosevelt, no Centro
Em nota à imprensa, a Secretaria de Segurança Pública afirmou que a Polícia Militar agiu para "garantir a segurança de todos durante manifestação" e que as abordagens e técnicas policiais utilizadas seguiram os protocolos internacionais para o controle de multidões.
Em relação às denúncias contra a ação dos PMs, a pasta afirmou ainda que policiais do batalhão da área foram até o local da manifestação para colher depoimentos e adotar as providências necessárias ao esclarecimento do caso.
Na semana passada, no primeiro ato contra o aumento da tarifa, a Polícia Militar estreou um grupo de "policiais mediadores" para "evitar conflitos" em protestos. O MPL, no entanto, afirmou em nota que o grupo de agentes tentou impedir a saída e o trajeto do ato.
"Tentaram criar uma imagem de respeito à leis, mas essas leis só tem servido para intensificar a violência policial, seja as repressões às manifestações, seja no dia a dia da cidade, com um verdadeiro genocídio da população preta, pobre e periférica".
O aumento de 7,5% na tarifa, anunciado pelo prefeito Bruno Covas (PSDB) e pelo governador João Doria (PSDB), está acima da inflação. O Índice de Preços ao Consumidor Ampla (IPCA) acumulado é estimado em 3,59%. Já o Índice de Preços ao Consumidor - Classe 1 (IPC-C1), que diz respeito às famílias de menor renda, fechou o ano passado com alta acumulada de 4,17%.
O MPL convocou uma terceira manifestação contra o aumento da tarifa de ônibus e metrô para a próxima terça-feira (22), às 17h, na Praça da Sé.
Com informações de Nacho Lemus / Telesur.
Edição: Daniel Giovanaz