ANÁLISE

“Estamos vivendo uma guerra de baixa intensidade”, disse Dilei, em encontro do MST-PB

Encontro Estadual Sem Terra acontece dias 16, 17 e 18 no assentamento Zumbi dos Palmares, em Mari

Brasil de Fato | João Pessoa (PB) |
As crianças do MST estiveram presentes no Encontro e defenderam as escolas do campo.
As crianças do MST estiveram presentes no Encontro e defenderam as escolas do campo. - Thaís Peregrino

O Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) da Paraíba está reunido entre os dias 16 e 18, no assentamento Zumbi dos Palmares, no município de Mari, no Encontro Estadual. Esta é a 29° edição do evento que este ano tem como tema “Resistência Camponesa, construindo Reforma Agrária Popular. O encontro é uma homenagem aos militantes do MST assassinados no último dia 8 de dezembro, José Bernardo da Silva e Rodrigo Celestino. Nesta quinta (17), às 18h, acontece um ato religioso em memória deles.

Dilei Schiochet (MST) durante análise de conjuntura no encontro do MST-PB. / Foto: Thaís Peregrino.

Análise de Conjuntura

Durante a abertura do Encontro foi feita uma análise de conjuntura realizada pela dirigente nacional do MST na Paraíba, Dilei Schiochet, que traçou os desafios a serem enfrentados diante do governo de Bolsonaro e elencou uma série de retrocessos que o governo federal vem executando desde o dia 1° de janeiro. Medidas como a transferência do Instituto de Colonização e Reforma Agrária para a pasta do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), o fim do Ministério do Desenvolvimento Agrário, a extinção do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional, além da privatização da terra, medida tomada ainda durante o governo de Michel Temer que permite a empresas estrangeiras terem a posse de até 100.000 hectares de terras brasileiras, entre outras atitudes de retirada de direitos foram elencadas por Dilei, além claro do aumento da violência no campo e da criminalização dos movimentos sociais. “Bolsonaro está fazendo uma campanha muito forte, juntamente com parte da mídia, para que o MST seja considerado uma organização terrorista”, disse Dilei. Além disso, um ponto que não podemos deixar de frisar é que estamos vivendo uma guerra de baixa intensidade. “O Brasil está sendo o laboratório dos Estados Unidos, Israel e Tailândia, pois não tinha alternativas para o capitalismo continuar a ter lucros no modelo que reconhecia direitos trabalhistas e sociais da população”, explicou Dilei.

Para Dilei Schiochet, o MST existe há 35 anos, mas apesar do cenário de perda de direitos e de derrota eleitoral, talvez esse seja o melhor momento para as organizações e movimentos sociais populares. “Agora o cenário ficou mais nítido, agora sabemos quem é nosso inimigo mais claramente e quem está realmente do lado dos trabalhadores”, opinou.

Uma outra questão que chamou a atenção dos militantes, amigos e apoiadores do MST que assistiam a abertura do Encontro, foi o fato de que o governo Bolsonaro está dando muito espaço aos militares. “Eles estão assumindo uma nova forma ao se tornarem parte do governo. E são muitos militares. Trata-se de um governo militar. São mais de 25 deles em cargos. Dessa vez eles não pegaram em armas, mas não é à toa que eles estão no governo”, frisou Dilei.

Estavam presentes na abertura do evento, várias organizações, entre eles a Marcha Mundial das Mulheres, o Sindicato dos Bancários, a Central Única dos Trabalhadores, o Partido dos Trabalhadores, Partido Comunista do Brasil.

Assentada exibe a produção da área de reforma agrária./ Foto: Thaís Peregrino.

Para encerrar a análise de conjuntura, Dilei disse que a luta tem que continuar e que as contradições do governo Bolsonaro precisam ser evidenciadas, além disso ela afirmou que o MST acredita que a juventude e as mulheres terão um papel importante na resistência frente aos retrocessos e que “meninas vestem azul e qualquer cor que quiserem”, assim como os meninos podem vestir qualquer cor e que o Congresso do Povo será fundamental no reencontro da esquerda com o povo e na constituição da aliança campo e cidade.

O Encontro Estadual do MST-PB segue até o dia 18.

 

 

Edição: Heloisa de Sousa