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“Quinze dias de governo e nenhuma medida para a Saúde”, critica Alexandre Padilha

Sem SUS não existiria SAMU, transplantes, nem bancos de sangue

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Padilha criou o programa Mais Médicos, em 2013
Padilha criou o programa Mais Médicos, em 2013 - José Eduardo Bernardes
Sem SUS não existiria SAMU, transplantes, nem bancos de sangue

O programa "No Jardim da Política" desta semana recebeu no estúdio o deputado federal Alexandre Padilha, médico e ex-ministro da Saúde durante o governo Dilma Rousseff (PT). Padilha foi o criador do programa Mais Médicos, responsável por garantir atendimento em regiões isoladas do país ou com déficit de profissionais a partir de 2013. Para o deputado, o governo Bolsonaro (PSL) é uma ameaça para a saúde pública no Brasil. “Estamos chegando a 15 dias de governo. Teve decreto para liberar arma, teve liberação para invadir terra indígena e, até agora, para a Saúde não teve nenhuma medida”, aponta. 

O ex-ministro relembra as conquistas e avanços decorrentes da relação do governo federal com Cuba. “Nossa parceria com Cuba vai além dos Mais Médicos. Em uma visita a Cuba, com Dilma, fizemos parceria para trazer medicamentos que Cuba produziu. Para diabetes, por exemplo: a maior causa de amputações de pés no Brasil é de origem da diabetes, e Cuba é responsável pelo remédio. A vacina do HPV também é parceria nossa, trouxemos para cá para produzir aqui”, conta. Padilha também comenta que, de 2013 para cá, o Brasil avançou no combate a AIDS, outro legado ameaçado no governo Bolsonaro.  

Padilha critica o decreto que flexibiliza a posse de armas. Para ele, “permitir que se criem batalhões privados na casa das pessoas é uma legalização das milícias que existem e das que vão existir”. O deputado alerta ainda que a medida vai impactar diretamente o sistema de saúde pública, com mais mortes e acidentes decorrentes de arma de fogo.

O deputado federal explica que o atual governo não tem preocupação em governar para a maioria da população, e cita como exemplo as declarações negativas referentes aos médicos cubanos. Os insultos fizeram com os profissionais saíssem do Brasil, impactando a população brasileira usuária do SUS. “Acho que a situação vai se agravar até março, até agora não vi do atual governo nenhuma proposta completa para resolver o problema. E quem mais vai sofrer? As pessoas da periferia. O impacto imediato é a interrupção do atendimento, por exemplo, para quem tem diabetes, que precisa refazer receita a cada dois meses”, conclui. 

Padilha ressalta que, nas áreas indígenas, 75% do atendimento era realizado por médicos cubanos. Até agora, as vagas não foram preenchidas. O ex-ministro lamenta os efeitos do que denomina "triplex do golpe" para a saúde pública: aumento da mortalidade infantil, ressurgimento de doenças facilmente controladas por vacinas e aumento de internação e mortalidade por doenças crônicas. 

Outro problema a ser enfrentado durante o governo Bolsonaro é o desmonte do SUS, iniciado no governo Temer (MDB) com a emenda do Teto de Gastos Públicos. Para Padilha, o novo governo abandonará o SUS se não mudar as regras do teto de investimentos para o setor. 

O ex-ministro da Saúde reconhece que o SUS possui inúmeros problemas, mas ressalta o histórico de avanços nos últimos 30 anos. “Sem SUS não existiria SAMU, transplantes, bancos de sangue, diminuição da mortalidade infantil. Antigamente, os bancos de sangue funcionavam no sistema privado, com venda de sangue”, lembra. 

Além da entrevista no estúdio, o programa também contou com um bate-papo com Toni C, escritor e produtor cultural do LiteraRua, coletivo de artistas que promovem a cultura da periferia por meio de livros. “Precisamos ter diálogo. Estamos em um país onde as pessoas aprenderam e passaram a exercitar a violência, dos dois lados. Sem o diálogo nada acontece”, sintetiza o artista. 

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Edição: Brasil de Fato