AMÉRICA LATINA

Governo da Colômbia rompe diálogo com ELN por suposta autoria em atentado

Autoridades afirmam que grupo guerrilheiro teve participação em atentado que ocorreu nessa quinta (17) em Bogotá

Brasil de Fato | São Paulo (SP) |
Anúncio de rompimento das negociações foi anunciado pelo presidente da Colômbia, Iván Duque
Anúncio de rompimento das negociações foi anunciado pelo presidente da Colômbia, Iván Duque - Flickr/CC

O governo da Colômbia rompeu nessa sexta-feira (18) os diálogos de paz com o grupo guerrilheiro Exército de Libertação Nacional (ELN). As autoridades do país alegam que o ELN é responsável pelo atentado contra a academia de cadetes General Santanter, que ocorreu nessa quinta-feira (17), na capital Bogotá. 

O governo do país afirma que o autor do ataque é José Ademar Rosas Rodríguez, de 56 anos, conhecido como “El Mocho”. Rojas, segundo o governo colombiano, teria ligação com o ELN. 

“Se trata de um especialista em explosivos da guerrilha que perdeu sua mão direita e que desde 1994 se desenvolveu como miliciano do ELN em Puerto Nuevo, no departamento de Arauca, fronteira com a Venezuela”, afirmou o ministro da Defesa da Colômbia, Guillhermo Botero. 

Contradições em torno da alegação de autoria

Embora as autoridades colombianas afirmem que Rojas é um conhecido especialista em explosivos que possui ligação com o ELN, não há contra o suposto autor nenhum antecedente criminal ou ordem de captura.

Além disso, em entrevista para a BluRadio, o ex-chefe das negociações entre Bogotá e ELN, Pablo Beltrán, afirmou não recordar do nome de Rojas durante as rodadas do diálogo de paz que ocorreram em Quito, capital do Equador. 

No entanto, um fato chamou ainda mais atenção. Em maio de 2016, antes da abertura das negociações de paz, o exército colombiano afirmou que "El Mocho" havia sido morto durante uma operação policial em Chocó, oeste da Colômbia, junto com outros três guerrilheiros. O combatente foi identificado pelos militares apenas como "Franklin" e também possuía apenas um dos braços. A notícia foi repercutida pelo jornal El Heraldo

Embora o ELN não tenha se posicionado a respeito da suposta participação no atentado até o momento, em sua ex-conta no Twitter, a guerrilha se defendeu da alegação de que Pablo Beltrán, um de seus dirigentes, teria dito em uma entrevista que estava apurando se o ataque havia ou não sido cometido pelo grupo. 

Segundo o comunicado, “é falso que Pablo Bentrán tenha se comunicado hoje com a Caracol Radio para se referir aos fatos ocorridos na escola de Polícia”.

Diálogos de Paz

Iniciados em 7 de fevereiro de 2017, durante o governo do então presidente colombiano Juan Manuel Santos, os diálogos de paz entre o país e o ELN têm o objetivo de criar um acordo bilateral para cessar os conflitos entre as forças armadas e o grupo guerrilheiro.

No início, o Equador sediou as rodadas de negociações entre Bogotá e o ELN. Em 2018, as partes anunciaram que os diálogos passariam a acontecer em Cuba

Desde que assumiu, em agosto de 2018, Duque criticou o ELN e deu a entender em diversas ocasiões que poderia romper o diálogo de paz. Já em sua posse, o presidente afirmou que pretendia avaliar as negociações.

O ELN, por sua vez, reafirmou seu compromisso em manter as rodadas de negociação com Bogotá para chegar a um acordo bilateral e rebateu a alegação de Duque de que não havia interesse por parte da guerrilha em manter as negociações.

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Atentado 

Nessa quinta-feira (17), um carro-bomba explodiu em Bogotá, capital da Colômbia, deixando ao menos 21 mortos e 68 feridos. Segundo as autoridades, 58 pessoas estão fora de perigo de vida e já receberam alta. 

O autor do ataque conduziu uma SUV com 80 quilos de explosivos, invadiu o perímetro da academia policial de Bogotá e explodiu o veículo após bater contra um alojamento feminino. As vítimas do atentado tinham entre 17 e 22 anos. 

*Com informações da teleSUR

Edição: Luiza Mançano