Maria Fernanda, militante da Marcha Mundial das Mulheres e integrante da SOF responde a pergunta do quadro Fala Aí
Logo no início do ano, a Ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves se tornou foco de discussões nas redes sociais, após a repercussão do vídeo no qual a ministra afirma que começou uma “nova era” no Brasil, que “menino veste azul e menina veste rosa”.
O vídeo que viralizou, foi gravado logo após o fim de seu discurso de posse, realizado dia 2 de janeiro, em Brasília (DF). A Ministra se pronunciou dizendo que fez uma metáfora contra a ideologia de gênero.
O questionamento sobre a inexistente relação entre cor e gênero permeia as redes sociais desde então. O assunto gerou dúvida no ouvinte da Rádio Brasil de Fato, João Gerônimo, de 20 anos, caixa de supermercado, que gostaria de saber por que é designado que a cor azul é para menino e cor rosa é para menina.
Maria Fernanda Marcelino, 43, militante da Marcha Mundial das Mulheres, integrante da SOF (Sempreviva Organização Feminista) e formada em História pela UNIFESP, responde:
“Na verdade, não existe uma designação sobre uma cor para um gênero e uma cor para outro gênero. Isso é uma construção social que vai definindo o lugar de homem e de mulher, reprimindo mulheres e também os homens, pois os colocam em uma situação de nunca poder demonstrar fragilidade. Eles não podem demonstrar gosto para o que é designado para mulheres e serão tachados como gay ou qualquer outra coisa que lembre fraqueza”, explica.
“Outra questão importante é propriamente sobre a sexualidade. Nós sabemos que as pessoas podem nascer com orientação sexual homossexual: ter atração física por alguém do seu próprio sexo, portanto, meninas lésbicas e meninos gays. Muitas pessoas nascem com uma orientação sexual onde a atração dela vai ser por alguém do mesmo sexo ou ao longo da própria vida, a pessoa vai se interessar por isso, a partir dessa vivência que ela está tendo. Criar rigidamente meninos em papéis sexuais tão distintos não garante, para desespero dos conservadores, que essa pessoa não será gay lésbica, bixessual ou transgênero”.
“O que a rigidez o conservadorismo fazem é criar conflito, tristeza, frustração. Muitas pessoas são gays, lésbicas e estão casadas, possuem relacionamentos heterossexuais e são extremamente infelizes. Reprimir e impor algo nunca é a saída. A repressão só traz problema, frustração e violência”.
Edição: Guilherme Henrique