Durante cerimônia de início do ano judicial, no Tribunal Supremo de Justiça, o presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, anunciou o retorno de todos os diplomatas venezuelanos que trabalham nos Estados Unidos. "Vamos fechar a embaixada e todos os nossos consulados nos Estados Unidos", acrescentou o mandatário, um dia após Donald Trump reconhecer o oposicionista Juan Guaidó como presidente da Venezuela.
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Maduro também reforçou a decisão de romper relações diplomáticas com o governo estadunidense: "Eles têm até domingo para deixar o país".
Na noite de quarta-feira (23), o secretário de Estado dos EUA, Mike Pompeo, divulgou um comunicado afirmando que os EUA não respeitarão a ordem do presidente venezuelano, porque já não o reconhecem como chefe de Estado.
"Agora, eles dizem que não reconhecem o governo de Maduro e que não se vão retirar seus diplomatas. Se existe sensatez eles vão seguir às ordens", respondeu Maduro, no mesmo evento. Em seguida, o presidente venezuelano desqualificou o posicionamento de Pompeo: "Vejo nas palavras do secretário de Estado muito desespero. O governo dos EUA vai levar à oposição venezuelana a um estado de ódio e loucura", finalizou o mandatário venezuelano.
Durante o discurso, Maduro também cogitou adiantar as eleições da Assembleia Nacional Legislativa para fevereiro. O período constitucional do poder legislativo, eleito em 2015 e "em desacato" desde 2016, encerraria em 2020. No entanto, a Assembleia Nacional Constituinte tem autonomia para adiantar eleições.
Quanto às medidas econômicas para reverter a crise, o presidente venezuelano prometeu enfrentar o comércio de dólar paralelo -- que, em duas semanas, passou de 1,3 mil bolívares para 3 mil bolívares. Com isso, os preços marcados por comerciantes saltaram, sem que os comerciantes reduzissem os preços dos produtos. Assim, os alimentos de necessidade básica são vendidos, no comércio venezuelano, a um preço quatro ou cinco vezes maior que em país vizinhos: "Semana que vem, vamos ativar novas políticas contra o 'dólar criminal'", disse Maduro, sem detalhar as estratégias que serão utilizadas pelo governo para tentar evitar boicotes.
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Edição: Daniel Giovanaz