O presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, afirmou nesta sexta-feira (25), que está aberto ao diálogo com a oposição venezuelana e até mesmo com o deputado opositor Juan Guaidó, que se autoproclamou "presidente interino" do país sul-americano. "Estamos dispostos ao diálogo nacional, sem condições e com agenda aberta, no marco da Constituição. Estou comprometido com o diálogo nacional", disse Maduro durante uma coletiva de imprensa com jornalistas estrangeiros no Palácio de Miraflores.
Segundo Maduro, seu governo vai abrir uma via de diálogo com o deputado Juan Guaidó. Ele confirmou ainda que o deputado Diosdado Cabello, presidente da Assembleia Nacional Constituinte, manteve uma reunião secreta com líderes opositores, entre eles Guaidó, no dia 22 de janeiro, no Hotel Lido, localizado na zona leste de Caracas. Nesse dia, Guaidó teria dito a Diosdado Cabello que não se autoproclamaria presidente no ato do 23 de janeiro e que estava disposto a dialogar.
Questionado por jornalistas, Guaidó negou a reunião. Já Maduro afirmou que vai solicitar as imagens da câmeras de segurança do hotel, que mostram o momento em as delegações entraram no local.
O presidente venezuelano comentou ainda sobre a ajuda humanitária de 20 milhões de dólares, anunciada pelo governo dos Estados Unidos, que será fornecida a Venezuela e administrada pelos opositores. "Que barato saiu o golpe na Venezuela. 20 milhões de dólares. Esse é o valor que Mike Pompeo [chefe da diplomacia estadunidense] disse que vai dar a oposição em ajuda humanitária. 20 milhões é que gastamos só na manhã de hoje comprando medicamentos para o país", criticou Maduro.
Conselho de Segurança da ONU
O secretário de Estados dos EUA, Mike Pompeo, pediu uma reunião no Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU), para debater a situação na Venezuela. A reunião do conselho foi convocada para esse sábado (26). "Agradeço que Mike Pompeo por ter convocado esse debate no Conselho de Segurança da ONU, porque nos dará a oportunidade de defender nossa verdade, a verdade da Venezuela", disse Maduro nesta sexta.
O ministro de Relações Exteriores da Venezuela, Jorge Arreaza, será o chefe da deleção venezuelana e é quem vai fazer a defesa governo Maduro na ONU. No entanto, Maduro não descartou sua presença no dia do debate. "Por favor, peçam meu visto, porque vou eu mesmo defender a Venezuela", afirmou.
Juan Guaidó se pronuncia
O deputado opositor Juan Guaidó, do Partido Vontade Popular, fez declarações públicas durante um ato na Praça Bolívar no município de Chacao, administrado pelo prefeito opositor Gustavo Duque, do Partido Primeiro Justiça. Ele informou que no próximo sábado, os partidos opositores vão organizar assembleias em todo o território nacional para discutir ações contra o governo.
Guaidó informou ainda que vai cumprir agenda interna e também fora da Venezuela, mas se recusou a nomear um "gabinete do governo interino". "Nossa prioridade agora é fim do governo e a convocação de eleições", disse.
Os opositores invocam o artigo 233 da Constituição venezuelana, que trata da "falta absoluta do presidente", no entanto, o governo questiona essa interpretação. "Não é o caso, não há falta de presidente. Para eles, eu não tomei posse dia 10 de janeiro", afirmou Maduro. A oposição pede a realização novas eleições diretas que, segundo afirmam, deveriam ocorrer no prazo de 30 dias. Na coletiva de imprensa desta sexta, o presidente Maduro afirmou que, sendo assim, a oposição deveria convocar eleições de imediato. "O prazo já está encerrando, pois se for para seguir essa interpretação, teriam que haver eleições 23 de fevereiro", ironizou.
Edição: Leonardo Fernandes