Com a vitória de Bolsonaro no Brasil e a crise política e econômica na Venezuela, o governo dos Estados Unidos esbugalhou seus olhos sobre as riquezas da América Latina. O governo de Trump está interessado principalmente em petróleo, mas os gringos querem estender seus tentáculos sobre outros patrimônios, como o setor elétrico. Recentemente, adquiriram a brasileira Embraer, maior fabricante de aviões da região.
Os norte-americanos estimulam governos aliados a fazerem pressão sobre os venezuelanos, cujo presidente, Nicolas Maduro, foi eleito pelo voto. Os EUA reconhecem como governante o deputado Juan Guaidó, que nem disputou a eleição. Eles estão interessados em se apossar da PDVSA, a poderosa estatal de petróleo venezuelana.
Especialistas indicam que o governo do EUA esteve por trás do movimento golpista que derrubou a presidente Dilma Roussef e a retirou do poder, através de um impeachment sem crime de responsabilidade. O ex-analista de segurança do governo americano, Edward Snowden, denunciou que os gringos espionaram a Petrobras e a própria presidente brasileira, interessados na tecnologia de captação do petróleo no pré-sal. Outro fator a preocupar os gringos foi o fortalecimento do BRICS, uma aliança econômica entre Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, que feria seus interesses. A China, por sinal, é hoje o país com o qual o Brasil faz mais negócios. A Nicarágua também tem reclamado da ingerência dos EUA em seus assuntos internos.
Os EUA tem desenvolvido uma política mais ofensiva para a América Latina em virtude de interesses políticos e econômicos. A disputa comercial com a China é uma das causas principais. Recentemente, inclusive, o governo Trump solicitou à Justiça do Canadá a prisão de Meng Whanzou, executiva da empresa Huawei, a maior concorrente da Apple. A China respondeu dizendo que a prisão era um ato de retaliação diante da guerra comercial.
Os últimos movimentos do governo dos EUA para a América Latina trazem de volta a chamada “Doutrina Monroe”, desenvolvida pelo ex-presidente James Monroe. Esta poderia ser resumida na frase “A América para os americanos”. A ideia é que todo o continente deveria estar sob influência dos interesses estadunidenses. Nós, brasileiros, vamos aceitar isso?
*Professor da UFPB
Edição: Heloisa de Sousa