No sul da Bahia, projeto pioneiro transforma biomassa de banana verde em película biodegradável
Em Arataca, no sul da Bahia, nasceu um projeto pioneiro que faz embalagens sustentáveis a partir da banana, fruta comum na região. O projeto é aplicada pelos alunos do Centro Estadual de Educação Profissional da Floresta do Cacau e do Chocolate Milton Santos, localizado no assentamento Terra Vista, ligado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST).
No local, a banana verde se transforme em uma película que depois pode ser moldada como uma embalagem, canudo ou copo descartável. A ideia veio do professor de biologia Robson de Almeida da Silva que ministra aulas para o curso técnico em meio ambiente. “As embalagens produzidas a partir da biomassa de banana verde tem levam, aproximadamente, 15 a 20 dias no processo de decomposição, desde que entre em contato com um ambiente biologicamente ativo, com umidade e exposto a microrganismo. Já as embalagens produzidas a partir do petróleo demoram muito tempo para se decompor, em torno de 100 a 300 anos", explica o professor.
Robson da Silva conta que no local há muitas bananeiras, porque a sombra da planta é necessária para o crescimento do cacau, o principal produto da região. O professor de biologia explica que a banana precisa estar bem verde, quando tem alta concentração de amido, para ser transformada em película. “O processo passa pela escolha da banana, cozimento da banana, trituração da banana e produção das películas. A partir das películas que desenvolvemos a embalagem. Geralmente, o processo leva uma manhã inteira", diz.
Valorização dos assentados
No assentamento Terra Vista moram 55 famílias que sobrevivem da produção agroecológica, especialmente do cacau. O objetivo é que a película da biomassa de banana verde possa embalar os chocolates que são produzidos no assentamento.
Solange Brito faz parte do setor de educação do MST e conta que toda a cadeia produtiva do chocolate é realizada no assentamento Terra Vista. Ela avalia que a divulgação do projeto pioneiro com as embalagens de biomassa de banana verde ajudam a quebrar preconceitos contra o MST. “O projeto nos fortaleceu no sentido da sociedade olhar para os assentados e assentados de forma diferenciado, não com esse olhar de que nós somos terroristas. Essa questão do projeto é mais uma experiência que desenvolvemos aqui no assentamento que faz com que nos olhem de outra forma”, afirma.
O projeto de embalagens sustentáveis feitas com banana verde ficou entre os cinco melhores da região nordeste e os 25 melhores do Brasil no prêmio “Respostas para o amanhã”, uma iniciativa voltada para projetos de escolas públicas de todo o país.
Edição: Guilherme Henrique