Após uma semana do crime em Brumadinho (MG), movimentos populares organizaram protestos em diversas cidades do país em solidariedade às vítimas e para exigir justiça para as comunidades atingidas. Nesta sexta-feira (1º) a cifra confirmada de mortes chegou a 115.
Os atos foram realizados nas cidades de Macapá (AP), São Paulo (SP), Rio de Janeiro (RJ), Vitória (ES), Teresina (PI). Na quarta-feira (30), foram realizados atos em Altamira (PA), Belém (PA), Fortaleza (CE), Porto Alegre (RS) . Uma mobilização está prevista para segunda-feira (4), em Porto Velho (RO).
Em entrevista ao Brasil de Fato, Gilberto Cervinski, integrante da coordenação nacional do Movimento de Atingidos por Barragens (MAB), criticou as prioridades que vêm sendo estabelecidas na Vale e defendeu a re-estatização da empresa: "Os acionistas da Vale querem pedir indenização pelas perdas nos lucros. São eles os responsáveis por essa tragedia. Está mais que na hora dessa empresa retornar para as mãos dos brasileiros, e que crimes como esse não se repitam".
Também presente no ato em São Paulo, o líder muçulmano Haji Mangolin se solidarizou com as vítimas e criticou a vinda dos soldados israelenses para Brumadinho: "O que eles fizeram foi destruir uma parte da criação divina. Que Alá abençoe as famílias. E que nos de coragem. É uma vergonha para o governo brasileiro chamar soldados israelenses, que nada fizeram aqui".
No Rio de Janeiro a Frente Brasil popular e a Povo Sem Medo convocaram os movimentos, partidos e ativistas a fazer uma vigília em solidariedade às vítimas do crime da Vale na Praia de Botafogo, 186, Prédio da Fundação Getúlio Vargas, onde a Vale tem escritórios.
“Estamos aqui pra não deixar a sociedade esquecer, pra não deixar a justiça esquecer de Mariana e da necessidade de um julgamento justo em Brumadinho”, declarou Leonardo Maggi, do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB). O movimento esteve à frente da manifestação também no Rio. Ele analisa que a certeza de impunidade é o que incentiva a Vale a continuar cometendo crimes.
“A vale lucrou com o crime cometido em Mariana. A impunidade lá permite que eles adotem uma lógica de descuido com o controle e a segurança. Em Brumadinho nem a sirene de segurança funcionou”, adicionou.
Ele também considera que a Vale precisa voltar a ser pública. “A Vale não é dona dos nossos minérios, ela recebeu uma outorga para explorar. E ela prova, depois de Mariana e Brumadinho, que não tem capacidade disso, que isso tem que voltar para o Estado. Quando a Vale era pública isso nunca aconteceu. É essa lógica privatista, do lucro rápido e imediato que produziu Mariana e Brumadinho”, expressou o militante.
Durante a vigília foi lido um manifesto em solidariedade aos atingidos. Mais de 150 organizações, sindicatos, movimentos, partidos e mandatos parlamentares do Rio de Janeiro assinam o documento.
No estado do Rio de Janeiro existem 29 barragens, das quais 6 tem alto risco potencial. “E é importante lembrar que as barragens de Brumadinho e Mariana não tinham essa classificação”, informou Maggi.
*Com informações de Flora Castro
Edição: Mauro Ramos