O candidato do partido de direita Grande Aliança pela Unidade Nacional (Gana), Nayib Bukele, venceu no primeiro turno as eleições presidenciais de El Salvador realizadas nesse domingo (03) e se tornou o novo presidente do país.
Bukele alcançou 53,79% dos votos, abrindo uma diferença de mais de 21 pontos percentuais do segundo colocado, o também direitista Carlos Calleja, do tradicional partido Aliança Republicana Nacionalista (Arena).
O candidato da Arena, partido que governou o país entre os anos 1989 a 2009, alcançou 31,8% dos votos.
Em terceiro lugar ficou o candidato do partido de esquerda Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional (FMLN), Hugo Martínez, que obteve 13,9% dos votos. Com a derrota, a FMLN deixa o governo do país após dois mandatos seguidos.
Na quarta posição, Josué Alvarado, postulante pela coligação Vamos, obteve 0,8% dos votos.
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Em pronunciamento após a divulgação do resultado, Bukele afirmou: "Hoje ganhamos no primeiro turno e fizemos história. Somamos mais votos do que o Arena e a FMLN juntos". O direitista assume a presidência para o mandato de 2019 a 2024.
Pouco após o fechamento das urnas às 17h (21h no horário de Brasília), o Tribunal Superior Eleitoral de El Salvador expediu sanções contra o candidato do Gana, Nayib Bukele. Segundo o órgão, o político de direita violou a "lei do silêncio" pois convocou uma entrevista coletiva que foi transmitida ao vivo na qual o candidato chamava os salvadorenhos a votar.
De acordo com a legislação eleitoral do país, a chamada "lei do silêncio" proíbe os partidos de realizar qualquer atividade de campanha durante os quatro dias que antecedem a votação, inclusive no dia do pleito.
Nayib Bukele
Novidade dessas eleições, Nayib Bukele concorreu pela primeira vez à presidência pelo partido de direita Gana, que foi criado em 2010, e chega ao poder após 30 anos de alternância entre os partidos Arena (1989-2009) e FMLN (2009-2019).
Bukele já foi filiado à FMLN e foi eleito prefeito da capital San Salvador ainda quando era filiado ao partido de esquerda, em 2015.
Entretanto, em 2017, Bukele foi expulso da legenda quando foi acusado de agredir física e verbalmente a líder de uma comuna de San Salvador.
Segundo a FMLN, além do presidente eleito ter agredido uma mulher, dirigiu ofensas ao partido e ao mandatário do país, Salvador Sánchez Cerén.
À época, a FMLN afirmou que a expulsão de Bukele ocorreu por "realizar atos difamatórios, caluniosos e injuriosos que danificam a imagem e a honra de uma pessoa membro ou militante do partido".
Além disso, a legenda de esquerda afirmou que Bukele desrespeitou "os direitos humanos da mulher em uma clara violação da carta de princípios e estatutos do partido".
O presidente eleito faz parte de uma legenda pequena e, durante campanha, faltou a debates, adotou a estratégia de se comunicar pelas redes sociais e manifestou um discurso antipolítica.
Dez anos da esquerda
A vitória de Bukele encerra um período de dez anos em que o partido de esquerda Frente Farabundo Martí de Libertação Nacional esteve à frente do comando de El Salvador.
Em 2009, o antigo grupo guerrilheiro que se tornou partido político em 1992 com a assinatura dos acordos de paz com o governo, elegeu Mauricio Funes para à presidência, marcando um fato inédito no país.
Já nas eleições presidenciais de 2014, a FMLN conseguiu eleger o antigo líder guerrilheiro Salvador Sánchez Céren, que se tornou o segundo presidente do partido de esquerda de El Salvador.
Edição: Opera Mundi