Na contramão do que defende o atual Ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodriguez, – que afirmou em entrevista no dia 28 de janeiro ao jornal Valor Econômico que “as universidades devem ficar reservadas para uma elite intelectual” - movimentos populares, coletivos e demais entidades da sociedade civil organizam projetos que deem assistência e conduzam jovens de baixa renda ao ensino superior. Seja em pedagogia, medicina, direito ou química, o ensino superior brasileiro se pintou, um pouco mais, de povo.
Contudo, no caminho ao ingresso da graduação há também a fase preparatória para o Exame Nacional do Ensino Médio, o ENEM. Para grande parte da população brasileira, empecilhos como rotina diária de trabalho e falta de estrutura, assistência e acompanhamento escolar colocam degraus a mais na busca pelo direito de apoderar-se desse sonho.
Seja por aulões, cursos presenciais, debates, testes e “tira dúvidas”, os projetos acompanham as dificuldades e agilidades dos alunos e as potencializam em estudos e discussões que gerem aprendizado. É o caso da rede de cursinhos populares PODEMOS+, iniciativa do Levante Popular da Juventude, movimento social de organização da juventude que atua nas universidades, escolas, campo e periferia do Brasil, estimulando seu protagonismo social.
Na Paraíba, o Levante construiu em 2018 uma série de aulões pré-Enem, localizada no bairro do Monte Santo, em Campina Grande. “A iniciativa do cursinho tem como objetivo principal o acesso de jovens da classe trabalhadora nas universidades públicas, local que historicamente foi excluído para os trabalhadores e trabalhadoras brasileiras. Os desafios de construir uma rede de cursinhos em um bairro periférico, são imensos, mas são encarados como mola propulsora na incidência da realidade local” nos contou Ítalo Aquino, militante do Levante e organizador do PODEMOS+.
Em sua proposta pedagógica, educação popular e auto-organização dos estudantes foram bases para a metodologia. O funcionamento contava com uma Coordenação Político Pedagógica(CPP) – composta de alunos e professores.
Uma das participantes dos aulões foi Djully Bernardo, mulher negra, periférica e vinda de Aroeiras – PB e também militante do Levante Popular da Juventude. Djully tem 18 anos, foi aprovada em Direito pela Universidade Federal da Paraíba e nos falou sobre a experiência de integrar e construir um cursinho popular:
“Eu posso dizer que cheguei até aqui graças ao Podemos+, além das aulas super didáticas, dos filmes, dos debates, ver a dedicação dessa juventude com quem está em desvantagem nessa "competição" me deu força para estudar. A iniciativa do Levante em construir um curso pré Enem popular mostra a importância de ter as universidades ocupadas pelo povo”.
Inciativas populares seguem sendo alternativas para estimular a inserção de jovens oriundos das escolas públicas nas Instituições Federais de Ensino Superior (IFES) e nas Universidades Estaduais e Federais em todo o Brasil e o caso de Djully é a prova disso.
Edição: Heloisa de Sousa