A coordenadora-geral do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC) e secretária-geral do Centro de Estudos da Mídia Alternativa "Barão de Itararé", Renata Mielli, concedeu entrevista nesta segunda-feira (11) para o jornal "Brasil Atual", da Rede Brasil Atual, sobre uma reportagem polêmica veiculada pela TV Record um dia antes. A emissora do bispo Edir Macedo veiculou, no programa "Domingo Espetacular", uma matéria de 19 minutos sobre os "sem-terrinha", as crianças filhas de integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). A reportagem recebeu diversas críticas de movimentos populares e entidades.
Na entrevista, Mielli afirmou que o viés da reportagem não é novidade na Record: "Essa reportagem faz parte de uma série de irregularidades que a Record vem cometendo nos últimos anos. E isso se dá em função dos próprios problemas que permitiram a concessão de uma televisão para uma emissora diretamente relacionada com uma igreja no Brasil" constituição.
A jornalista considera que o objetivo da matéria foi exclusivamente o de atacar o MST: "Não é nem jornalismo. É propaganda. O que foi feito ontem está cheio de irregularidades. Em 19 minutos, nenhum dirigente da organização que foi citada foi ouvido. Houve também uma edição indevida de vídeos disponíveis de forma pública pela própria organização. Isso claramente caracteriza uma matéria que tem como objetivo criminalizar o movimento social brasileiro. E as organizações que têm sido maior alvo dessa criminalização são aquelas que lidam com a questão da terra".
Mielli falou ainda sobre a relação estreita entre o canal e o presidente Jair Bolsonaro: "Isso ocorre dentro de um contexto de ofensiva do governo federal contra essas organizações. A Record está cumprindo o papel de porta-voz do pensamento político que ocupa o Palácio do Planalto, e isso é vedado pela Constituição e pela legislação que orienta a atuação das emissoras de rádio e televisão no Brasil".
Edição: Mauro Ramos