Mulheres da América do Sul e de todo o mundo sairão às ruas nesta sexta-feira, 8 de março, no Dia Internacional de Luta das Mulheres. Além de atividades nesta data, outros eventos foram marcados para os dias posteriores. O objetivo é levantar suas vozes e cartazes em defesa de uma vida mais digna.
As mobilizações são muitas e diversas, relacionadas à realidade que elas vivem em seus países e territórios. Mas é possível identificar temas comuns na mobilização internacional feminista, como o combate à violência e ao feminicídio, a luta por direitos como o aborto e a resistência contra governos com políticas neoliberais e conservadoras, que neste momento estão em ascensão na América Latina.
Argentina
As feministas argentinas deram o pontapé inicial na última quarta-feira (6), organizando um acampamento feminista em Buenos Aires, na Praça do Congresso, onde realizam até a sexta-feira (8) diversas atividades.
As mulheres presentes denunciam, além da violência doméstica e dos casos de feminicídio, a política econômica do governo do presidente Mauricio Macri. Elas afirmam que a vida das mulheres são as mais precarizadas devido ao aumento da pobreza, até porque a desigualdade social impede que muitas delas possam romper com o ciclo da violência que vivem em casa.
“Sofremos violência machista e outras violências, como não ter o que comer, não ter recursos econômicos, nem trabalho ou moradia, e não tem outra forma de viver a não ser seguir junto com o [sujeito] violento nessa situação”, afirma a militante Johana, da organização popular La Poderosa, em entrevista à Barricada TV.
No acampamento, são realizadas oficinas feministas com diversos temas. Entre os assuntos debatidos, está a política de migração do país, o protagonismo das mulheres nas organizações sociais e sindicais, entre outros.
Nesta quinta-feira (7), dia da visibilidade lésbica no país, ocorre uma manifestação na capital Buenos Aires para denunciar a violência que mulheres lésbicas sofrem e celebrar o direito de viver uma sexualidade livre. Já na sexta-feira (8), às 10h, realizarão uma atividade sobre feminismo latino-americano, em solidariedade e pela paz na Venezuela, e contra a intervenção dos EUA no continente.
Desta forma, as feministas na Argentina buscam não só denunciar a atual situação de violência, mas visibilizar os processos organizativos de resistência, como comenta Jacquelina Flores, da Confederação de Trabalhadores da Economia Popular (CTEP).
“Estão nos matando por ser mulheres, e isso viemos denunciar no 8 de março. Depois de tantos anos de caminhada e luta, entendemos algo que incomoda esse governo, que somos sujeitas de direito, sujeitos políticos, e não vamos permitir que nos tirem a vida. Mas também nessa batalha de qual vida merecemos viver enquanto classe trabalhadora, através do trabalho e da liberdade de pensamento”, defende.
Cone Sul
Nos demais países da América do Sul também haverá manifestações com as pautas gerais do movimento internacional, articuladas às realidades das mulheres em seus países.
No Chile, as mulheres indígenas organizadas na Associação Nacional de Mulheres Rurais e Indígenas (Anamuri) se preparam para ir às ruas para denunciar a violência institucional que as comunidades mapuches sofrem no país, sendo criminalizadas por defender seus territórios.
As mulheres camponesas e indígenas do Paraguai denunciarão a falta de acesso à terra e a desigualdade salarial, em um país onde o salário das trabalhadoras domésticas é 40% menor do que o salário mínimo nacional.
Na Colômbia, o lema feminista será “As mulheres seguem trançando a vida, os territórios e a paz”. Nesse marco, denunciarão o alto índice de assassinatos de líderes e defensoras dos direitos humanos, exigindo uma saída pacífica e política para o conflito armado no país.
Veja abaixo algumas outras convocatórias:
Equador (Quito)
Bolívia (Cochabamba)
Março das Mulheres | Confira programação de atos no Brasil
*Com informações da Barricada TV e da Rádio Mundo Real
Edição: Vivian Fernandes