Uma importante ação de alfabetização teve início hoje na região metropolitana de João Pessoa. São dez turmas de ocupações urbanas que instalaram ou improvisaram como puderam, aulas para alunos(as) de 16 a 70 anos, em situação de não letramento.
O curso é uma parceria entre o Movimento de Trabalhadores por Direitos (MTD) e o projeto projeto Educação: construindo cidadania As ocupações que receberão as aulas são: ocupação Zumbi na cidade de Baeyux; ocupação Thiago Nery em Mangabeira; ocupação Luiz Gonzaga, Bairro das Indústrias; Nêgo Fuba, Cruz das Armas; Roger na comunidade do S; São Pedro, bairro dos Novais; Santa Clara, Castelo Branco; Paulo Freire, Colinas 2; Nova Jerusalém, Colinas 1.
Segundo Gleyson Ricardo, militante do MTD, as instalações para as aulas funcionam em barracas nas próprias ocupação, em espaços consolidados como escolas ou nas associações. Os educadores são lideranças do próprio movimento ou moradores da comunidade que possuem segundo grau completo. Esses são acompanhados com uma formação intensiva a cada 15 dias pelo Projeto Educação: construindo cidadania.
As turmas são, na verdade um esforço em mutirão, onde, em sua maioria, vão contando com as famílias da ocupação para resolver questões como energia, limpeza do espaço, mobilização e animação dos educandos, e o próprio espaço que requer uma negociação com o morador do barraco desocupado.
Gleyson comenta que a Paraíba sempre foi um reduto da educação popular: “sempre estivemos na vanguarda dos movimentos que entenderam que é preciso ter uma linguagem acessível para a população da educação popular, e a gente está vivendo um momento em que o analfabetismo cresce no Brasil e, contraditoriamente, aumentou-se a possibilidade das pessoas terem acesso ao segundo grau”, destaca o companheiro.
Ele também pondera que jovens e adultos estão sem ter acesso ao conhecimento básico elementar que é dominar a escrita e a leitura, importantes para os movimentos sociais na era da informação: “Existem lideranças que não sabem ler, e que até nas próprias redes sociais como o whatsApp ficam pedindo pra a gente mandar áudio porque realmente não sabem ler. E são lideranças sociais! E de qualquer maneira, as pessoas não saberem ler é um crime!”
Diante do recuo histórico do governo de Bolsonaro, a perspectiva dos movimentos é acelerar o letramento das organizações para que a degradação seja a mínimo possível. O “BA” ou “Brasil Alfabetizado” terá uma grande derrocada porque não é prioridade do governo alfabetizar as pessoas. Um sistema de replicamento do conhecimento é a solução viável para ter a inclusão e a qualificação essenciais para manter a luta por direitos viva e atuante.
Edição: Cida Alves