A Central Única dos Trabalhadores da Paraíba (CUT- PB), por meio da Secretaria da Mulher Trabalhadora, promoveu, no último dia 12 de março, no auditório do Sindicato dos Trabalhadores em Telefonia da Paraíba- SINTTEL, em João Pessoa, o Seminário “Bolsonaro piora a vida das mulheres: como fazer o enfrentamento ao desmonte das políticas públicas?”, que reuniu mulheres e homens dos sindicatos que compõem a base da central, dos movimentos sociais e dos partidos de esquerda como o PT, representado por Edvan Silva e a Secretária de Mulher, Zezé Bechade, e o PC do B, pela presidenta do Diretório de João Pessoa, Lourdes Meira.
Para discutir sobre o tema, o evento contou com a deputada estadual do PT pernambucano, a ex-sindicalista, professora Tereza Leitão, e a secretária nacional de Mulheres do PT, a amazonense Anne Karolyne, que apresentaram um panorama da situação de retrocesso que o Governo Bolsonaro instalou no país, com sérios riscos de acabar de vez com todas as políticas públicas e avanços conquistados, prejudicando em especial às mulheres.
A deputada do PT-PE, Tereza Leitão, destacou que, no momento, a questão mais urgente a ser enfrentada é a reforma da Previdência, que necessitará das bancadas de esquerda no Congresso Nacional uma posição unificada sobre se vai vetar todas as propostas ou se é mais estratégico apresentar emendas. Ela revelou que muitos governadores, até mesmo do campo progressista, poderão acatar essa reforma com a justificativa de a previdência ser deficitária e temendo que seus governos, nos estados, sejam boicotados por Bolsonaro. “Tem que se pensar como nossos parlamentares vão se posicionar, eles com certeza devem atuar na interlocução”, opinou.
Como ação de enfrentamento à Reforma da Previdência, Leitão aconselhou que os movimentos sindical e social, que têm capacidade e experiência nessa tarefa, desenvolvam uma forte articulação junto aos parlamentares nos seus Estados como forma de pressioná-los a barrar a aprovação da reforma da Previdência, apresentada pelo Governo Bolsonaro.
Análise das palestrantes
Tereza Leitão também fez referência às razões que levaram ao Golpe de Dilma e à prisão de Lula. “A questão Alcântara, o fim da ALCA, o fortalecimento do MERCOSUL, a independência do Brasil perante o FMI e os BRICS, enfim a disputa geopolítica- econômica foi a resposta para a prisão do Lula”, explicou a deputada pernambucana. Ainda sobre Lula, ela diz: “Lula livre é a própria liberdade de nossa identidade”, enfatiza.
Já Secretária nacional do PT, Anne Karolyne, enfocou as desigualdades gritantes ainda existentes entre homens e mulheres, colocando como exemplo as instâncias de poder, principalmente no campo político, onde uma maioria de mulheres não consegue espaço significativo nas casas legislativas e nem no Poder Executivo. “Isso não pode ser normal, o Projeto Elas por Elas surgiu com a preocupação de dirimir essa questão, é importante e justa a participação das mulheres na política, nos sindicatos e em todos os lugares; assim como não pode ser natural, o índice elevado de feminicídio”, desabafou.
Ela anunciou também as ações da Secretaria Nacional de Mulheres do Partido dos Trabalhadores com o objetivo de contribuir para o fortalecimento da luta e empoderamento das mulheres, como a criação da Rede de Comunicação para Mulheres e destacou a programação que está sendo pensada para marcar no próximo dia sete de abril, um ano da prisão de Lula. “Vamos fazer um grande ato de resistência lá, mas a ideia é que ocorra atividade em todos os Estados”, revelou. Anne ressaltou também a importância da unidade nos movimentos de resistência ao Governo, embora acredite que essa construção não pode ser por decreto e deve ocorrer naturalmente na luta, através do diálogo.
A Secretária da Mulher Trabalhadora da CUT, Luzenira Linhares, disse que o Seminário cumpriu com o seu papel, que foi mostrar as reformas danosas que estão em curso no país, como afetarão com mais intensidade a vida das mulheres e quais as estratégias de enfrentamento que se deverá tomar. “Com a discussão qualificada de nossas palestrantes, que apresentaram um acúmulo de informações, inclusive com resgate histórico e análise de conjuntura, acredito que todas e todos nós saímos daqui capacitados para repassar para nossas bases e outras mulheres, os riscos que estamos enfrentando com essa reforma da previdência e com todos os outros direitos que conquistamos, vamos continuar levando esse debate para todos os espaços que atuamos”, afirmou.
O Seminário “Bolsonaro piora a vida das mulheres: como fazer o enfrentamento ao desmonte das políticas públicas?” faz parte da programação da Jornada 8 de Março, que prossegue até o final do mês. Ainda consta na agenda da CUT para as mulheres em Campina Grande, uma atividade da Secretaria de Comunicação, que consiste num debate sobre a análise crítica da mídia e uma oficina sobre redes sociais, que será ministrada pela jornalista Elara Leite, diretora do Departamento da Mulher e da Diversidade Humana do Sindicato dos Jornalistas, no próximo dia 23.
Edição: Heloisa de Sousa