O Brasil de Fato lhe convida a ouvir uma playlist de lutas em homenagem à vereadora e ativista Marielle Franco, assassinada há um ano, junto do seu motorista Anderson Gomes, no bairro do Estácio, no Rio de Janeiro.
Apesar da prisão, no último dia 12, do policial reformado Ronnie Lessa, acusado de efetuar os disparos e do ex-policial militar Elcio Vieira de Queiroz, motorista do carro de onde partiram os tiros, as dúvidas sobre os mandantes dos assassinatos ainda continuam.
No Brasil inteiro, manifestações marcam um ano do crime e pedem justiça para crimes impunes nas periferias contra a população pobre, preta e periférica.
Através da música a resistência se faz presente e ecoa em corações e mentes: Marielle Vive!
1.MC Carol feat Heavy Baile - Marielle Franco
"Vocês querem nos matar, nos controlar. Vocês não vão nos calar, mesmo sangrando a gente vai tá lá para marchar e gritar", diz um trecho da canção feita pela funkeira niteroiense MC Carol junto ao coletivo carioca Heavy Baile. Lançada em março do ano passado, a música homenageia a vereadora assassinada Marielle Franco e as mulheres negras vítimas de violência.
"Vocês querem nos matar, nos controlar
Vocês não vão nos calar
Mesmo sangrando a gente vai tá lá
Pra marchar e gritar
Eu sou Marielle, Cláudia, eu sou Marisa
Eu sou a preta que podia ser sua filha
Solidariedade, mais empatia
O povo preto tá sangrando todo dia
Eu não aguento mais viver oprimida
Nesse país sem democracia
Eu tô me sentindo acorrentada, desmotivada
Eu também naquele carro fui executada
Eu tenho ódio, pavor, eu sinto medo
A escravidão não acabou, estão matando os negro
Estão cansado de ser esculachado, roubado
Oprimido, preso, forjado
Preto aqui não tem direitos, não tem direitos
Mulheres pretas aqui não têm direitos, não têm direitos
Temos que aguentar a dor
Sou obrigada a parir o filho do meu estuprador
O poder é opressor, manipulador
Eles batem até em professor
Nem sempre eu sou tão forte
Mas vou tá lá gritando contra a morte
Gritando contra o poder machista branco
Presente hoje e sempre, Marielle Franco
Preto aqui não tem direitos, não tem direitos
Mulheres pretas aqui não têm direitos, não têm direitos
Preto aqui não tem direitos, não tem direitos
Mulheres pretas aqui não têm direitos, não têm direitos"
2. VINAA feat. Trio 123 - Cidade das Meninas
As bandas maranhenses VINAA e Trio 123 lançaram em dezembro do ano passado a canção “Cidade das Meninas”. A música brada esperança frente toda dor do assassinato da vereadora que tanto lutou pelos seus e por tantas outras “Marielles”.
Eu não quero ver o ódio nas esquinas
Da cidade que eu ando com as meninas
E caminhar a meia noite a luz de vela
Pra enterrar
Sonho que não era o meu
Mas era o dela
Eu não quero ver armados nas esquinas
Consumindo minha alma levemente
Leve feito a luz
Leve minha voz
Leve minha luta
Só não me deixa respirar
Viva a maresia dos fortes
Surgem ventos ao Norte
Anunciando
Um novo dia
Brilha no horizonte a sorte
Vamos lutar contra a morte
Anunciada
Em nossas vidas
Viva a maresia dos fortes
Surgem ventos ao Norte
Anunciando
Um novo dia
Brilha no horizonte a sorte
Vamos lutar contra a morte
Anunciada
Em nossas vidas
Viva a Marielle, Marielle
Viva a Marielle
Viva a Marielle, Marielle
Viva a Marielle
Eu não quero ver armados nas esquinas
Consumindo minha alma levemente
Leve feito a luz
Leve minha voz
Leve minha luta
Só não me deixa respirar
Viva a Marielle, Marielle
Viva a Marielle
3. Samba Enredo da Estação Primeira de Mangueira 2019 - : "História pra ninar gente grande".
A escola de samba vencedora do Carnaval 2019 do Rio de Janeiro foi a Estação Primeira de Mangueira que recontou a história do Brasil, enaltecendo os verdadeiros heróis e heroínas nacionais: os povos oprimidos, pretos e indígenas. Com o enredo “História para ninar gente grande”, a verde e rosa levou seu 20º título e homenageou além de Zumbi e Dandara dos Palmares, Luiza Mahin, Luiz Gama e a vereadora Marielle Franco. O desfile da Escola contou com a presença de Mônica Benício, companheira de Marielle, e Marcelo Freixo, seu padrinho político e amigo.
Mangueira, tira a poeira dos porões
Ô, abre alas pros teus heróis de barracões
Dos Brasis que se faz um país de Lecis, jamelões
São verde e rosa, as multidões
Mangueira, tira a poeira dos porões
Ô, abre alas pros teus heróis de barracões
Dos Brasis que se faz um país de Lecis, jamelões
São verde e rosa, as multidões
Brasil, meu nego
Deixa eu te contar
A história que a história não conta
O avesso do mesmo lugar
Na luta é que a gente se encontra
Brasil, meu dengo
A Mangueira chegou
Com versos que o livro apagou
Desde 1500 tem mais invasão do que descobrimento
Tem sangue retinto pisado
Atrás do herói emoldurado
Mulheres, tamoios, mulatos
Eu quero um país que não está no retrato
Brasil, o teu nome é Dandara
E a tua cara é de cariri
Não veio do céu
Nem das mãos de Isabel
A liberdade é um dragão no mar de Aracati
Salve os caboclos de julho
Quem foi de aço nos anos de chumbo
Brasil, chegou a vez
De ouvir as Marias, Mahins, Marielles, malês
4. Doralyce - O Bicho
A cantora pernambucana Doralyce lançou no último dia 12 de março, mesmo dia em que a polícia prendeu os suspeitos de cometer o assassinato de Marielle Franco, o vídeo da canção “O Bicho”. Durante a edição do projeto Sofar Sounds, no Rio de Janeiro, Doralyce, que tinha em Marielle Franco uma grande amiga e referência de militância, aborda temas como a desmilitarização da polícia, os “cidadãos de bem” e o atual governo.
“Essa música está no repertório para que a gente não se esqueça dos nossos heróis e nossas heroínas. Marielle é mais do que uma pessoa, ela é as ideias que tinha, ela é tudo o que construiu, é uma fonte de inspiração para as mulheres pretas. Todas as mulheres pretas olham para ela como olham para Luísa Mahin, para Anastácia, para Dandara. Como uma heroína, como um símbolo de resistência, como uma mulher que lutou contra o racismo. Ela precisa ser lembrada”, diz a cantora.
Não para não olha não move
As armas são do Bope
O Bope da IBOPE
É tiro
E a noite
A favela
Tem rastro de sangue
Tem cheiro de morte
Um odor tão forte
Que sai do lixo
E o homem vira bicho
Bicho, lixo, bicho, lixo, bicho
Bicho, lixo, bicho
Que eu não sou
Com a minha apatia
Que eu não sou
Com a minha apatia
Não para não olha não move
As armas são de um golpe
O golpe da IBOPE
É tiro
E a noite
O Estácio
Tem rastro de sangue
Tem cheiro de morte
Um odor tão forte
Que sai do lixo
E o homem vira bicho
Bicho, lixo, bicho, lixo, Bicho
Bicho, lixo, bicho
Que eu não sou
Com a minha apatia
Que eu não sou
Com a minha apatia
Tem pergunta que não quer calar
E eu prefiro até nem responder
Queima de arquivo
Eles mandar matar
E isso não da na TV
Tem pergunta que não quer calar
E eu prefiro até nem responder
Me perguntaram por que a polícia não devia andar armada
Me perguntaram por que a polícia não devia andar armada
Tem pergunta que não quer calar
E tem dor que não vau passar
A gente se depara
Com o extermínio
Do povo de cá
Ela venceu o racismo
Venceu a pobreza
Entrou na academia
Mesmo sendo mãe solteira
Foi eleita entre os nossos
Defendendo o povo preto
Quatro tiros na cabeça
Não apagam os seus feitos
E a mídia trata isso
Como se fosse normal
De quem são as balas que mataram Marielle?
E a mídia trata isso
Como se fosse normal
De quem são as balas que mataram Marielle?
Me perguntaram por que
A polícia não devia andar armada
Me perguntaram por que
A polícia não devia andar armada
Não acabou
Tem que acabar
Essa instituição criminosa
Criada pra matar
Não acabou
Tem que acabar
Essa instituição criminosa
Criada pra matar
Preto na favela
Preto no asfalto 111 tiros
Confira o Especial “Um ano: como assim mataram Marielle Franco?”
Edição: Tayguara Ribeiro