Nesta quinta-feira (14), data do primeiro aniversário do assassinato da vereadora Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes, parlamentares do PSOL organizaram um ato na Câmara dos Deputados para protestar contra a falta de respostas sobre as motivações do crime. Deputados filiados aos partidos PT, PCdoB e PSB também participaram da ação e ressaltaram que as lutas de Marielle dizem respeito a todo o campo democrático-popular.
:: Especial: um ano do assassinato Marielle Franco ::
A deputada federal Fernanda Melchionna (PSOL-RS) entende que a prisão de dois suspeitos na última terça-feira (12), no Rio de Janeiro (RJ), é insuficiente, porque mantém os questionamentos sobre quem teria planejado a execução da vereadora. Os promotores que atuam no processo criminal que apura o caso consideram que Marielle foi morta por sua atuação política.
“Os executores tinham um mandante, e nós queremos saber quem mandou matar. Queremos saber qual a motivação política para matar a companheira Marielle Franco. Muito [do que sabemos até agora] leva a acreditar nessa vinculação perigosa que existe no Rio de Janeiro entre o crime, a polícia e a política, nas organizações criminosas chamadas milícias”, enfatiza Melchionna.
O deputado Edmilson Rodrigues (PSOL-PA) lembra que, em sua trajetória política, a vereadora era conhecida pela defesa dos direitos de grupos socialmente excluídos, como mulheres, negros e população LGBT.
“Essas bandeiras todas estavam no sorriso, no coração e na militância de Marielle. A morte dela tem um simbolismo muito grande porque ela era, ao mesmo tempo, a simbolização das [vítimas das] mais diversas formas de preconceito, da violência contra a dignidade. Como trabalhadora favelada, [era] a expressão dos mais explorados”, completa.
A líder da minoria na Casa, Jandira Feghali (PCdoB-RJ), acrescenta que a mobilização popular em torno do caso Marielle cresceu exponencialmente desde a data dos assassinatos, com repercussão internacional.
“Essa luta não morreu e não vai morrer, porque [o crime] vai precisar ser esclarecido. Nós precisamos de respostas. Marielle já deixou de ser [apenas] do PSOL há muito tempo. Ela é do Brasil, da esquerda, do povo. Ela é uma luta das mulheres, das negras, do movimento LGBT, uma luta contra o preconceito, contra a violência, o ódio, a intolerância, contra o crime político. Marielle é a luta democrática”, afirmou.
Comissão externa
No ano passado, a Câmara dos Deputados acompanhou institucionalmente o andamento do caso de Marielle e Anderson por meio de uma comissão externa. A proposta era averiguar a atuação das instituições que atuam na elucidação do crime.
Em entrevista ao Brasil de Fato nesta quinta-feira (14), o relator do colegiado, Glauber Braga (PSOL-RJ), sublinhou que a maior parte das recomendações trazidas no relatório final da comissão, aprovado em dezembro, não foram cumpridas. Ele cita como exemplo a criação de um mecanismo de acompanhamento externo das investigações que envolva organizações brasileiras e internacionais.
“Essa é uma ação que pode ser tocada pelas organizações da sociedade civil que já vêm fazendo algum tipo de acompanhamento. O modelo inicial não seria com a participação de governos, e o que o parlamento e os deputados podem fazer é incentivar esse tipo de organização nessa relação externa que pode ser estabelecida. Essa é uma demanda que continua ainda presente, e a gente vai continuar lutando pra que ela venha a se materializar”, disse.
Confira a agenda de atos dentro e fora do Brasil em homenagem a Marielle Franco nesta quinta-feira (14).
Edição: Daniel Giovanaz